segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O menino Montanhas de Neve

soka gakkai



O menino Montanhas de Neve


Há muito tempo, viveu um menino chamado Montanhas de Neve. Apesar de ter aprendido todos os ensinamentos não budistas, ainda lhe faltava conhecer o budismo. Então, um dia, ouviu um demônio recitar um verso que começava assim:
— Tudo é mutável; nada é permanente — esta é a lei de nascimento e morte.
No entanto, o demônio recitou apenas os primeiros oito ideogramas do verso, omitindo o resto. Apesar de ter ficado feliz, o menino se sentiu e como se tivesse ganho somente metade de uma joia da realização dos desejos. Quando pediu para ouvir os oito ideogramas restantes, o demônio respondeu:
— Não me alimento há vários dias. Estou fraco demais para recitar os oito ideogramas restantes. Primeiro, dê-me algo para comer!
— O que você come? — perguntou o menino.
— Alimento-me de carne e sangue frescos de seres humanos. Porém, eles estão protegidos pelas divindades celestiais; por isso, não posso matá-los, a menos que cometam o mal — respondeu o demônio.
Decidido, o menino Montanhas de Neve declarou:
— Oferecerei meu corpo. Em troca, recite os oito ideogramas restantes para que eu possa registrar o ensinamento na totalidade.
— Você é esperto. Com certeza, está tentando me enganar — retrucou o demônio.
— Se eu morrer sem propósito, meu corpo será devorado por abutres e isso não me trará o menor benefício. Porém, se eu sacrificar a vida pelos oito ideogramas restantes, será como trocar esterco por alimento — respondeu Montanhas de Neve.
O demônio ainda não estava convencido.
— Há quem confirme minha honestidade. Invoco o grande rei celestial Brahma, a divindade celestial Shakra, os deuses do Sol e da Lua e os quatro reis celestiais para serem minhas testemunhas — garantiu o menino.
Finalmente o demônio aceitou revelar a segunda metade do verso e começou a recitar:
— Ao extinguirmos o ciclo de nascimento e morte, entramos na alegria do nirvana.
Quando o menino aprendeu o verso completo, inscreveu-o no tronco das árvores e nas rochas. Cumprida a tarefa, atirou-se em direção à boca do demônio.
Nesse instante, o demônio revelou ser a divindade celestial protetora Shakra, disfarçada de demônio. Ele segurou o menino e o colocou devagar no chão observando o grande espírito de devoção dele à Lei budista.
Entenda melhor
Esta história é citada pelo buda Nichiren Daishonin no escrito Carta para a Venerável Nichimyo. No início dessa carta, ele cita sete histórias a respeito das práticas de bodisatva conduzidas pelo buda Shakyamuni em existências passadas, entre elas a história do menino Montanhas de Neve.
Daishonin utiliza esta parábola para mostrar a grandiosidade do espírito de procura e da sinceridade da prática. Ele ensina que o caminho para fazer as outras pessoas felizes é o caminho para a nossa própria iluminação.
Daishonin declara: “Conforme o grande mestre Zhangan afirmou: ‘As escolhas devem ser adequadas [ao tempo] e jamais se restringir a um ou a outro [método]’” (Carta para a Venerável Nichimyo — CEND, v. I, p. 34).
O Nam-myoho-renge-kyo contém todos os benefícios que o buda Shakyamuni acumulou durante as inúmeras existências. Por isso, ao recitá‑lo podemos obter os mesmos benefícios que o próprio buda Shakyamuni obteve. Ou seja, uma pessoa comum pode se tornar buda.

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