Leia e se desenvolva
Jornal Mirai: Existem várias circunstâncias que dificultam a leitura, como a prioridade aos estudos para o vestibular ou o cansaço após realizar as atividades dos clubes escolares.
Presidente Ikeda: Basta ir aumentando a quantidade de livros que desejam ler, e continuar lendo ao longo da vida. Poderão reviver várias vezes à medida que lerem livros. Ler significa viver, e viver significa ler.
Quero dedicar a vocês as palavras do grande escritor russo Anton Chekhov, autor que estudei junto com Toda sensei na época da minha juventude: “A cada nova página de um livro que leio, eu me torno cada vez mais rico, mais forte e mais elevado”.
Jornal Mirai: Anton Chekhov é um dos autores mais renomados da Rússia, que tem peças teatrais famosas como O Jardim das Cerejeiras e A Gaivota.
Ele foi uma pessoa que passou por diversas dificuldades. Em sua juventude, os negócios da família foram à falência, e para ajudar no sustento, ele escrevia artigos para revistas enquanto frequentava a faculdade.
Presidente Ikeda: Exatamente.
Chekhov ajudou, desde pequeno, na mercearia administrada por seu pai. Não tinha folga nem conseguia se dedicar aos estudos como queria, e ficou doente por diversas vezes. Após a mercearia do pai ir à falência, trabalhou como professor particular enquanto estudava. Estava com 16 anos.
Diante disso, ele tinha algo que lhe despertava grande alegria: frequentar a biblioteca recém‑construída e ficar imerso na magia da leitura. Leu importantes obras como as de Victor Hugo e Arthur Schopenhauer, com o coração palpitante, a ponto de se esquecer de fazer as refeições. Por ter se dedicado à leitura em meio às adversidades, seu coração se tornou grande e forte, e desenvolveu seu intelecto. Então, tornou‑se um escritor que criou obras que, uma atrás da outra, fascinaram o mundo inteiro.
Jornal Mirai: O senhor também
desafiou a leitura em meio às dificuldades na
época da sua juventude.
Presidente Ikeda: A Segunda Guerra Mundial terminou quando eu estava com 17 anos. Foi um período em que o senso de valor das pessoas desmoronou. Os jovens procuravam e desejavam respostas para questões como:
“O que é uma vida correta?” e “O que é a verdadeira felicidade?”. Eu também li avidamente os clássicos em busca de resposta. Trabalhando mesmo com o corpo doente e fraco, guardava um pouco de dinheiro e, sempre que podia, voava para os sebos. Ainda não me esqueço da alegria que senti quando consegui comprar um livro que desejava muito.
Continuei a desafiar a leitura de livros mesmo depois de começar a trabalhar na empresa administrada pelo presidente Toda. Apoiando de corpo e alma o meu mestre no momento mais crítico de seus empreendimentos, continuei minha batalha com os livros diariamente. Mesmo voltando para casa totalmente exausto, nunca deixei de abrir um livro.
Sempre que me via, Toda sensei me perguntava: “O que está lendo agora? Leu aquele livro? Como é este livro?”. Cada uma destas
perguntas foi um importante treinamento.
Foi por existirem aqueles dias que eu pude aprender a essência da leitura e desenvolver a minha verdadeira capacidade.
Os presidentes Makiguchi e Toda foram presos por se oporem ao militarismo do Japão. O ambiente na prisão é péssimo, mas eles não deixaram de ler nessas circunstâncias. Makiguchi sensei, mesmo com a idade avançada, manteve acesa a chama do desejo de aprender, e estudou a filosofia de Kant até pouco antes do seu falecimento. Toda sensei também solicitou à sua família que lhe enviasse muitos livros.
Pode-se estudar onde quer que esteja. Quero que todos vocês estudem ao máximo. Espero também que se empenhem na leitura o
quanto puderem.
Anton Pavlovitch chekhov (1860–1904)
Médico, dramaturgo e escritor russo, considerado um dos maiores contistas de todos os tempos. Suas principais obras são A Gaivota, Tio Vânia, As Três Irmãs e O Jardim das Cerejeiras, sendo esta a última peça e encenada pela primeira vez em 1904.
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