domingo, 13 de agosto de 2017

Fé, Prática e Estudo

soka gakkai


Fé, Prática e Estudo

Parte 1

Fé, Prática e Estudo é um princípio budista que explica a forma correta de se praticar o Budismo de Nitiren Daishonin. 
A “fé” corresponde a acreditar nos ensinos de Nitiren Daishonin como a mais elevada religião dos Últimos Dias da Lei. A “prática” é a ação concreta da fé, consiste em praticar corretamente o Budismo de Nitiren Daishonin em exata conformidade com os seus ensinamentos. O “estudo” refere-se a buscar o aprendizado dos ensinamentos budistas. 
Quando se empenha nesses três fundamentos – fé, prática e estudo –, a vida é conduzida ao estado de Buda.
Nitiren Daishonin elucida este princípio no escrito “O verdadeiro aspecto de todos os fenômenos”: “Creia no Gohonzon, o supremo objeto de devoção de todo mundo. Fortaleça ainda mais sua fé e receba a proteção de Sakyamuni, de Muitos Tesouros e dos budas das dez direções. Exerça-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem eles, não pode haver budismo. Deve não somente perseverar em sua fé, mas também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Ensine aos outros com o melhor de sua habilidade, mesmo que seja uma única sentença ou frase”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 369.)
Nesta frase, Nitiren Daishonin ensina o caminho correto da fé, encoraja a exercer a prática e o estudo e a desenvolver a prática individual e altruística. 
Somente acreditar no Gohonzon e não se empenhar na prática é ter uma fé meramente teórica. Para aprofundar a fé e fortalecer a prática, é necessário estudar corretamente os ensinos de Nitiren Daishonin.
Fazendo uma analogia, o princípio de “fé, prática e estudo” pode ser comparado às partes de um automóvel. A fé pode ser comparada ao motor, que é a força motriz que libera a energia para que ele possa se movimentar. A prática corresponde às rodas, que o possibilitam movimentar-se. Sem a prática não há progresso dentro do budismo. O estudo direciona a prática budista, tal como o volante do carro que faz com que ele se movimente na direção desejada. 
Dessa forma, a fé é o que há de mais importante para atingir o estado de Buda. A fé dá origem à prática e ao estudo, e ambos, por sua vez, servem para aprofundar a fé da pessoa. A fé se aprofunda com o equilíbrio entre a prática e o estudo. Porém, é igualmente verdadeiro que a energia que brota da fé é a base para a prática e o estudo contínuos. 
No escrito “Resposta à Dama Nitinyo”, Nitiren Daishonin declara: “O mais importante é recitar o Nam-myoho-rengue-kyo de tal modo que possa alcançar o estado de Buda. Tudo depende da força de sua fé”. (Ibidem, pág. 326.)
Por outro lado, em “Carta a Niike”, ele escreveu: “’Conhecimento sem fé’ é uma descrição daqueles que podem ser versados no Sutra de Lótus, mas não crêem nele. Essas pessoas jamais atingirão o estado de Buda. Aqueles que têm fé sem conhecimento podem estar privados do conhecimento, mas eles crêem, e podem atingir o estado de Buda”. (Ibidem, vol. 4, pág. 286.)
Estas são frases que expressam a importância da fé como base da prática do budismo. 

Fé, prática e estudo

2a e última parte

A prática budista divide-se em dois aspectos: individual e altruística. 
A prática individual consiste da recitação do Gongyo (liturgia do Budismo Nitiren) e do Daimoku (Nam-myoho-rengue-kyo) diariamente, da participação nas diversas atividades e da dedicação ao estudo do budismo.
A prática altruística consiste em ensinar sobre o Gohonzon aos outros (Chakubuku) e as visitas para incentivar alguém a aprofundar a fé no budismo.
Consta no escrito “Questões sobre os Três Grandes Ensinos Fundamentais”: “O Daimoku que Nitiren recita agora no início dos Últimos Dias da Lei é o Nam-myoho-rengue-kyo, que abrange tanto a prática individual como a altruística”. (Gosho Zenshu, pág. 1.022.) E no escrito “Perguntas e Respostas sobre abraçar o Sutra de Lótus” Daishonin afirma: “Recite resolutamente o Nam-myoho-rengue-kyo e recomende aos outros que façam o mesmo; isso permanecerá como a única lembrança de sua presente vida neste mundo humano”. (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 166.)
O Chakubuku é o exercício budista que possibilita cumprir a missão como Bodhisattva da Terra. O presidente Ikeda nos incentiva: “Ao ajudar outras pessoas a se tornarem felizes, nós também nos tornamos felizes”. (Brasil Seikyo, edição no 1.549, 25 de março de 2000, pág. A3.) E ainda complementa: “O simples ato de louvar a Lei Mística quando estamos dialogando com os outros é o próprio ato de realizar um esplêndido Chakubuku. Se a pessoa decidirá ou não se converter é outra questão. O simples ato de falarmos às pessoas sobre a Lei Mística já é uma causa para infalivelmente recebermos benefícios”. (Ibidem.) 
Esse princípio nos ensina não somente lutar pela própria felicidade, mas conduzir outras pessoas ao mesmo caminho. 
Já o estudo consiste em estudar e apreender a filosofia budista com base nos escritos de Nitiren Daishonin. 
Estudar o budismo não é acumular teorias. Ele serve para esclarecer as dúvidas, aprofundar a convicção e ensinar o caminho de esperança a outras pessoas. 
O budismo não está contido nos sutras, livros ou caracteres com que são escritos. Ele existe e manifesta-se somente na vida de cada uma das pessoas que estudam os escritos e praticam a fé estritamente de acordo com os ensinos de Nitiren Daishonin.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, sintetizou a finalidade do estudo do budismo nos seguintes itens: 1. Estuda-se o budismo para adquirir uma correta visão da vida, da sociedade e dos objetivos; 2. Estuda-se o budismo para nutrir a prática da fé e o empenho nas atividades; 3. Estuda-se o budismo para avançar e crescer dia após dia; 4. Estuda-se o budismo para cultivar a capacidade de orientação e para prestar incentivos a todos os companheiros. (Ibidem, edição no 1.610, 7 de julho de 2001, pág. A5.)
Por fim, a “fé, prática e estudo” são indispensáveis para uma correta prática do budismo.

O estabelecimento do ensino correto para a paz da nação

soka gakkai


O estabelecimento do ensino correto para a paz da nação e o Kossen-rufu

Esses dois temas, apesar de distintos, são tão interligados que seus conceitos se complementam. O objetivo da prática budista é possibilitar às pessoas atingir a iluminação e conquistar a felicidade individual e coletiva. O Buda Nitiren Daishonin expôs o “Estabelecimento do ensino correto para a paz da nação” (Rissho Ankoku) e a “Propagação Mundial do Budismo” (Kossen-rufu) como princípios que direcionam a prática budista para a realização desse objetivo.

Estabelecimento do ensino correto 
para a paz da nação


O Budismo Nitiren é o ensino que capacita o ser humano a transformar a condição de vida interior para alcançar a felicidade absoluta na presente existência. Ao mesmo tempo, busca o estabelecimento da paz social por meio da reforma da vida de cada cidadão. Daishonin expôs o princípio da realização da paz no Rissho Ankoku Ron. 
Essa tese de Daishonin foi enviada em 16 de julho de 1260 ao regente aposentado. Hojo Tokiyori, pessoa de grande influência no governo japonês na época.
Literalmente, Rissho significa “estabelecer o ensino correto” ou “estabelecer a verdade”, indicando a própria propagação do Budismo de Nitiren Daishonin. Em outras palavras, “estabelecer a verdade” corresponde à conscientização das pessoas sobre a dignidade e o respeito ao ser humano, estabelecendo esses fundamentos como princípios básicos da sociedade. O seu objetivo é o Ankoku, cujo significado literal é a “paz da nação”, isto é, a paz e a prosperidade da sociedade. Portanto, Rissho Ankoku significa “estabelecer a verdade ou o ensino correto visando a paz da nação”.
Essa tese foi escrita por Nitiren Daishonin visando a realização da paz da nação japonesa daquela época. Observa-se que o espírito básico que norteia todo o seu conteúdo é o da promoção do bem-estar da população. Assim, os princípios revelados nessa tese são válidos para a realização da paz do mundo e a felicidade das pessoas, não somente no contexto da época em que foi escrita, mas também para os dias atuais e todo o futuro.
Por outro lado, Nitiren Daishonin envia a tese às autoridades com o intuito de admoestá-las e levá-las a buscar soluções para os sofrimentos da população indicando que os praticantes do budismo não devem orar apenas pela iluminação individual, mas atuar também pelo bem-estar da sociedade com base nos princípios budistas. Portanto, fechar os olhos para os problemas sociais e se isolar no mundo da crença não é a atitude correta dos praticantes do Budismo Nitiren. 
No dias atuais, a Soka Gakkai Internacional (SGI) tem contribuído para a solução de questões globais promovendo o movimento de paz, cultura, educação, meio ambiente e direitos humanos como atuação inspirada no espírito e nos princípios revelados na “Tese sobre o estabelecimento do ensino correto para a paz da nação”.

O estabelecimento do ensino correto para a paz da nação e o Kossen-rufu

Parte 2

O objetivo da propagação do budismo é o de capacitar as pessoas a revelar o potencial de Buda na própria vida. 
No Sutra de Lótus, consta: “No quinto período de quinhentos anos após minha morte, realize o Kossen-rufu mundial e jamais permita que seu fluxo cesse”. Esta frase prediz que, no “quinto período de quinhentos anos” após a morte do Buda Sakyamuni, isto é, na era dos Últimos Dias, a Lei Mística será propagada pelo mundo inteiro. 
O Sutra de Lótus descreve também que a missão de realizar a propagação mundial do budismo foi delegada para os Bodhisattvas da Terra — discípulos de Sakyamuni desde o remoto passado que surgem em suas respectivas terras para cumprir essa missão. 
De acordo com o Sutra de Lótus, o Buda Nitiren Daishonin surgiu na era dos Últimos Dias da Lei para promover a propagação do Nam-myoho-rengue-kyo, pela qual arriscou a própria vida em diversas perseguições. 
Daishonin afirma que “O grande propósito não é senão a propagação do Sutra de Lótus” (Gosho Zenshu, pág. 736) e “Se a benevolência de Nitiren for realmente grande e abrangente, o Nam-myoho-rengue-kyo propagar-se-á por dez mil anos e mais, por toda a eternidade, pois esta [a benevolência de Nitiren em propagar o Nam-myoho-rengue-kyo] possui o poder benéfico de abrir os olhos cegos de todos os seres vivos do Japão e de bloquear a estrada que leva ao inferno de incessante sofrimento”. (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 4, pág. 91.)
De acordo com essas frases, o espírito de Daishonin é o de promover a propagação mundial do budismo. Ele também afirma: “Se tiver a mesma mente que Nitiren, com certeza, o senhor deve ser um Bodhisattva da Terra”. Conforme essa frase, a SGI é uma instituição de Bodhisattvas da Terra que assumiram a missão de promover a propagação mundial do budismo. Em outras palavras, por herdar corretamente o espírito de Daishonin, a SGI pode propagar a Lei Mística em escala mundial.
Literalmente, Kossen-rufu significa “declarar e propagar amplamente o ensino”. Kossen quer dizer “propagar e transmitir amplamente” os princípios filosóficos de um ensino às pessoas, e rufu significa tornar o ensino amplamente conhecido na sociedade. O caractere ru (fluxo) de rufu significa “uma corrente como a de um grande rio”, e fu (tecido) é “espalhar-se como um rolo de tecido”. O ensino da Lei Mística não tem nada a ver com formalidades ou misticismos. Ele flui livremente para toda a humanidade. Como um rolo de tecido sendo desenrolado, espalha-se cobrindo tudo ao seu redor, ou seja, rufu indica a prática do budismo pelas pessoas que o conheceram. Kossen é a ação de propagar o ensino, e rufu, o seu resultado. Portanto, no Budismo Nitiren, o Kossen-rufu é o movimento para transmitir o ensino supremo que conduz as pessoas de todas as classes e nações à felicidade e, portanto, o mais elevado princípio da paz embasado em uma correta filosofia e capaz de proporcionar verdadeiros e duradouros benefícios na vida diária. 

O estabelecimento do ensino correto para a paz da nação e o Kossen-rufu

Parte 3

O movimento de propagação da SGI ao qual nos dedicamos não se trata meramente de mais uma opção de escolha religiosa. Trata-se, na verdade, de uma dedicação de pessoa a pessoa, de vida a vida, para abrirmos o caminho da revolução humana de cada uma.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, afirma: “Assim como um tecido, o Kossen-rufu é produzido com linhas verticais e horizontais. As linhas verticais representam a transmissão do ensino de mestre para discípulo, de pai para filho, de veterano para novato. As linhas horizontais representam a transmissão imparcial desse ensino, transcendendo as fronteiras nacionais, as classes sociais e todas as outras distinções”. (Brasil Seikyo, edição no 1.496, 20 de fevereiro de 1999, pág. 4.)
Ele afirma que o Kossen-rufu não é um mero slogan. Palavras, por mais alto que sejam proferidas, não terão nenhum significado a menos que tenhamos uma ação concreta. Se não colocarmos o Kossen-rufu em ação, não conseguiremos transmitir às futuras gerações o grande caminho que Nitiren Daishonin abriu para a suprema felicidade.
Desafiar as circunstâncias para concretizar o Kossen-rufu nos possibilita transformar nosso carma negativo e receber imensuráveis benefícios. Portanto, quando nos empenhamos seriamente nas atividades da SGI, todos os desejos pessoais são concretizados naturalmente.
Em diversos escritos, Nitiren Daishonin enfatiza a importância da dedicação em prol do Kossen-rufu, como consta nas frases: “Se o senhor acende uma lanterna para os outros, esta também iluminará seu caminho” (Gosho Zenshu, pág. 1.598) e “Pequenos riachos se juntam e formam o grande oceano, e minúsculas partículas de poeira se acumulam para constituir o Monte Sumeru. Quando eu, Nitiren, inicialmente abracei a fé no Sutra de Lótus, era como uma única gota d’água ou uma única partícula de pó em todo o Japão. Porém, posteriormente, quando duas pessoas, três, dez e, eventualmente, dez bilhões de pessoas vierem a recitar o Sutra de Lótus e transmiti-lo aos outros, então elas formarão um Monte Sumeru de maravilhosa iluminação, um grande oceano de nirvana! Não busque nenhum outro caminho para atingir o estado de Buda!” (As Escrituras de Nitiren Daishonin [END], vol. 3, págs. 82-83.)
Daishonin também afirma: “Virá o tempo em que todas as pessoas, inclusive aquelas de Erudição, Absorção e Bodhisattva, entrarão no caminho para o estado de Buda, e a Lei Mística florescerá por toda a terra. Nesse tempo, pelo fato de todas as pessoas recitarem o Nam-myoho-rengue-kyo juntas, o vento não fustigará os galhos ou ramos, nem a chuva cairá torrencialmente a ponto de cavar o solo. O mundo tornar-se-á como nas épocas de Fu Hsi e Shen Nung na China antiga. Os desastres serão expelidos da terra e as pessoas se livrarão do infortúnio. Elas também aprenderão a arte de viver longa e plenamente”. (END, vol. 3, pág. 149.)
Assim, como praticantes do Budismo Nitiren, é fundamental dedicarmo-nos ao Kossen-rufu com a convicção de que as grandes transformações que o mundo hoje tanto necessita encontram-se nessa batalha.
Percebe-se que o espírito de Rissho Ankoku é a própria essência do Kossen-rufu.

O estabelecimento do ensino correto para a paz da nação e o Kossen-rufu

Parte 4

Na época de Nitiren Daishonin, o povo japonês enfrentava diversas dificuldades, miséria, fome, doenças, epidemias sem controle, além de desastres naturais como terremotos, inundações, secas prolongadas, maremotos etc. Preocupado em como amenizar esses sofrimentos, ele estudou profundamente todos o ensinos do Buda Sakyamuni durante anos, o que resultou na elaboração de seu mais importante escrito, a “Tese sobre o Estabelecimento do Ensino Correto para a Paz da Nação” (Risho Ankoku Ron). Nela, Daishonin esclarece que as causas dos sofrimentos do povo são decorrentes de ensinos que contradizem a Lei Universal.
Sobre isso, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, escreveu: “Na ideologia da Nembutsu, que classifica o mundo como ‘terra impura’, as pessoas não conseguem visualizar nenhuma esperança nesta existência, tornam-se pessimistas e apáticas. Além disso, ensinar que após a morte alcança-se o ‘Paraíso da Terra Pura’, que fica no ‘distante horizonte’, desvia as pessoas da realidade, conduzindo-as para a fuga e a resignação, podendo mesmo incentivar o suicídio. Dessa condição jamais poderá surgir o ânimo e a vivacidade em busca do aperfeiçoamento como ser humano, muito menos a força para a edificação da sociedade.
“Nitiren Daishonin tentou reformar o modo de vida da classe social que detinha maior influência no poder por meio de sua tese. Declarou que a seita Nembutsu era a fonte maligna da infelicidade e admoestou os governantes a abraçarem o Budismo Nitiren.
“A religião muda a concepção das pessoas, transforma seu espírito e modifica a essência de sua vida. De acordo com o ensino religioso, as pessoas tornam-se fortes ou fracas, estúpidas ou sábias, assim como construtivas ou destrutivas. Se o âmago do ser humano, que é o sujeito da criatividade, transformar-se, a sociedade e o meio ambiente também alcançarão uma ampla reforma. Este é o princípio exposto no Rissho Ankoku Ron”. (Nova Revolução Humana, vol. 2, pág. 31.)
É exatamente neste espírito em que se embasa a grande correnteza do Kossen-rufu. O presidente Tsunessaburo Makiguti utilizou esse termo pela primeira vez em uma audiência pública na época em que a Soka Kyoiku Gakkai (predecessora da Soka Gakkai) estava sendo violentamente atacada pelas autoridades. Arrastado pela insanidade do nacionalismo, o Japão havia se lançado na Segunda Guerra Mundial, controlando as pessoas com o regime militar. Nessa época em que o clero da Nitiren Shoshu havia distorcido e perdido completamente o espírito do Kossen-rufu, Makiguti, com mais de 70 anos de idade, realizou mais de 240 reuniões de diálogo [no período entre maio de 1941 a junho de 1943] e partiu sozinho em viagens por todo o país, convertendo mais de quinhentas pessoas ao Budismo Nitiren [entre 1930, ano da fundação da Soka Kyoiku Gakkai, e julho de 1943, quando foi preso].

O estabelecimento do ensino correto para a paz da nação e o Kossen-rufu

Parte 5

A missão da Soka Gakkai é oferecer soluções aos sofrimentos da vida das pessoas com base nos ensinamentos do Budismo Nitiren. Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo japonês, na iminência de ser derrotado, tentou unificar todas as religiões existentes ao xintoísmo, acreditando que dessa forma obteria a proteção da Deusa do Sol.
Observando essa atitude arbitrária, o presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, opôs-se firmemente ao governo. Ele afirmava que a nação seria destruída se continuasse a menosprezar o Sutra de Lótus. A convicção de Makiguti em defender a liberdade religiosa o levou à prisão, onde acabou falecendo em 18 de novembro de 1944, aos 73 anos. Seu discípulo, Jossei Toda, que também fora aprisionado, foi libertado em 3 de julho de 1945. Com a saúde totalmente debilitada, Toda iniciou a árdua tarefa da reconstrução da organização. No romance Nova Revolução Humana, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, descreve a decisão de Jossei Toda: “O maior desejo de Jossei Toda, que se levantou sozinho no campo devastado pela guerra erguendo o estandarte do Kossen-rufu, era banhar a vida do povo, imerso no desespero e na miséria, com a luz da paz e da felicidade”. (Vol. 4, pág. 157.)
Mais tarde, já como presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda iniciou um extraordinário movimento de propagação do budismo e, em 1957, menos de sete anos após, o número de associados ultrapassou a marca de 765 mil famílias. No dia 8 de setembro desse mesmo ano, a Divisão dos Jovens da Soka Gakkai realizou o “Festival da Juventude”, ocasião em que Jossei Toda proferiu sua famosa “Declaração pela Abolição das Armas Nucleares” para as 50 mil pessoas presentes no Estádio Esportivo de Mitsuzawa, e a deixou como principal testamento aos jovens.
Após o falecimento de Toda, a Soka Gakkai se expandiu para o mundo sob a liderança do terceiro presidente Daisaku Ikeda, que transpôs inúmeras barreiras, e concretizou os desejos de seu mestre, edificando uma organização forte que se orgulha de sua rica história. 
O objetivo fundamental da concretização da paz e da felicidade para todas as pessoas é a missão Soka e também o juramento compartilhado entre mestre e discípulo. O presidente Ikeda cita três pontos importantes para derrubar as barreiras que se criam entre as pessoas. A primeira é a oração pela segurança e prosperidade da comunidade. Quando valorizamos as relações com os vizinhos e oramos por sua saúde e felicidade, deixamos espaço para a comunicação genuína, o que nos permite abrir o coração para as pessoas. O segundo ponto é a atitude amável e atenciosa. Segundo ele, a chave está em sempre se manter aberto e receptivo e interagir com os vizinhos de forma muito tranquila e natural. O terceiro ponto é criar uma bela rede fundamentada nos laços de respeito e apoio mútuos, pois nos tornamos vizinhos por possuirmos laços cármicos e, portanto, devemos apoiar e ajudar uns aos outros.

O estabelecimento do ensino correto para a paz da nação e o Kossen-rufu

6a e última parte

O presidente Ikeda observa que as amizades que fazemos com as pessoas da comunidade onde moramos, com base nas três diretrizes, oração, atitude atenciosa e sentimento de apoio mútuo, irão se tornar tesouros insubstituíveis em nossa vida. Em especial, os integrantes de várias associações dedicaram-se durante muitos anos com toda a sinceridade a manter os preciosos contatos que fizeram nas comunidades onde moraram. As realizações desses nobres membros são um altivo testemunho da vitória e da boa vontade. 
Ele ainda destaca que se cada um de nós conseguirmos cultivar dez amizades genuínas, então o Kossen-rufu com certeza progredirá e termina nos incentivando dizendo: “Meus companheiros, levantem-se e tomem novas iniciativas em prol do Kossen-rufu! Não fiquem em silêncio. Ao contrário, engajem-se com toda a convicção no diálogo com as pessoas. Deixem um registro de brilhante expansão da amizade e do diálogo a cada dia. Vamos trabalhar juntos para fazer do local de nossa missão, um mundo de felicidade cada vez maior”. (Brasil Seikyo, edição no 2.020, 23 de janeiro de 2010, pág. A3.)
Este ano comemora-se cinquenta anos desde que o presidente Ikeda iniciou sua luta em prol do Kossen-rufu mundial. Essa luta iniciou-se logo após sua posse, particularmente, na sua primeira visita em Okinawa, na época um território americano, em 16 de julho de 1960, dia em que se comemorava 700 anos desde que Nitiren Daishonin havia enviado a “Tese do Estabelecimento do Ensino Correto para a Paz da Nação”. Nesse mesmo ano, em 2 de outubro, partiu rumo à grandiosa jornada do Kossen-rufu mundial, munido exatamente deste espírito de “Rissho Ankoku”.
Na Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda descreve claramente os propósitos da Soka Gakkai: “Difundir nesse mundo a filosofia do humanismo para nutrir a vida das pessoas a fim de criar uma terra de paz é a ação de Rissho Ankoku, a missão da Soka Gakkai”. (Vol. 4, pág. 168). Afirma também: “Em palavras mais simples, a mensagem do Rissho Ankoku Ron é que cada um de nós deve fazer sua própria revolução humana com base nos princípios filosóficos do humanismo, tornando-se um protagonista da prosperidade social e da paz mundial. Dizem que os ensinos de Daishonin começam e terminam no Rissho Ankoku Ron. O propósito de Daishonin ao escrever essa tese foi salvar as pessoas que sofriam enormemente com a violenta investida de terremotos e inundações, fome e enfermidades. Despertou-se então para o fato de que o modo de conseguir isso era propagando a filosofia de vida do budismo que prega o caminho da revolução do indivíduo. Ele promoveu a luta para mudar o interior das pessoas desalojando a maldade arraigada no coração delas, provocando o surgimento da bondade, o abrir dos olhos da sabedoria, a mudança do egocentrismo para o altruísmo, da destruição para a criação. Isso porque as pessoas são a base de tudo. Da mesma forma como as plantas germinam em terra fértil, a cultura e a paz prosperarão na vida humana bem nutrida”. (Ibidem, pág. 169.)

Escuridão Fundamental

soka gakkai


Escuridão Fundamental

Parte 1

“Escuridão fundamental” (gampon no mumyo, em japonês) é um princípio essencial do Budismo Nitiren. Também conhecido como “ignorância fundamental” ou “ignorância primordial”, é a ilusão mais profundamente arraigada na vida, a qual origina todas as demais ilusões. O termo “fundamental” (gampon) refere-se à real essência ou à verdadeira natureza da vida. E a “escuridão” (mumyo) é a incapacidade de enxergar ou de reconhecer essa natureza. 
O Buda Nitiren Daishonin interpreta esse princípio como a ignorância da Lei suprema, ou a ignorância do fato de que nossa vida, em essência, é a manifestação da Lei, da natureza essencial dos fenômenos e da realidade, que é o Nam-myoho-rengue-kyo. Em outras palavras, essa “escuridão” indica a cegueira em relação à verdadeira natureza da própria vida. Portanto, é a ignorância do verdadeiro eu. 
A escuridão fundamental da vida pode ser comparada ao breu da noite ou a uma espessa névoa que impede as pessoas de discernirem as formas e as cores. Quando ela se manifesta, age sorrateira e sutilmente torna a pessoa incapaz de enxergar e reconhecer a verdade ou a essência de tudo o que a cerca. Essa escuridão inata impede que a verdadeira natureza da vida seja reconhecida. As suas diversas manifestações, tais como a violência, a corrupção, o autoritarismo, a traição, a discriminação, entre outras, são igualmente obscuras e tenebrosas.
Uma pessoa tomada por esta escuridão, que não consegue enxergar a natureza da própria vida, passa a ignorar também outras pessoas. É por essa razão que atos bárbaros como a guerra continuam sendo praticados no mundo inteiro, tirando a vida de um grande número de pessoas, sempre sob justificativas diversas de ordem política, econômica ou ideológica, normalmente aceitas com naturalidade. Obviamente, à luz da verdadeira natureza da vida, não há nada que justifique esse grande mal perpetrado à humanidade.
Em contraste com a “escuridão fundamental”, existe o termo “natureza fundamental da iluminação” (gampon no hossho) que indica a percepção da verdadeira natureza da vida, isto é, da natureza de Buda inata na vida. Na prática, essa percepção corresponde à revolução humana individual, ou seja, a manifestação de nosso infinito potencial tendo como base a fé no Gohonzon.
Nitiren Daishonin, ao derrotar as maldades e suplantar as adversidades em sua vida, venceu a ilusão e a escuridão fundamental, manifestando a grandiosa condição de vida da Lei Mística, e representou esta magnânima condição de vida em forma de Gohonzon, ensinando-nos o caminho para atingir a iluminação nesta existência, edificando o verdadeiro eu.
É importante compreendermos que o que nos impede de manifestarmos a Lei Mística em nossa vida é a escuridão fundamental que reside em nós. Ela possui a grande força de causar o sofrimento e a infelicidade. O seu verdadeiro aspecto é a ignorância. Entretanto, esta ignorância pode ser rompida e vencida pela grandiosa sabedoria do Buda, que é o próprio Gohonzon. A fé no Gohonzon é a força capaz de romper essa escuridão. Dessa forma, o que combate essa ilusão é o poder da fé.

Escuridão Fundamental

Parte 2

Quando nos conscientizamos de que somos a manifestação da própria Lei Mística, a ilusão ou escuridão se dissipa imediatamente. Analogamente, a Lei Mística é como o Sol, enquanto a escuridão é como as nuvens escuras que o cobrem. Quando as nuvens se dispersam, os raios brilhantes do Sol chegam sem impedimentos à Terra. Quando rompemos nossa escuridão fundamental, o poder da Lei Mística é ativado instantaneamente, e manifesta-se como diferentes funções criadoras de valor ou benefícios. Esses benefícios e valores diversos derivam do princípio da simultaneidade de causa e efeito. 
Entretanto, apesar da certeza de que todos os seres vivos são entidades da Lei Mística, cuja vida é dotada intrinsecamente do estado de Buda, se não nos empenharmos em dissipar as nuvens da escuridão fundamental, o estado de Buda não se manifestará efetivamente em nossa vida. Esta condição não é algo que se atinge com uma atitude tímida e passiva, que se restringe a recitar Daimoku mecanicamente, e muito menos se algum sacerdote orar por nós.
Depende de cada pessoa recitar Daimoku e empreender uma luta individual para dissipar a escuridão de sua vida. Como ela se refere à ilusão interior, a batalha para vencê-la deve ser travada interiormente. Em poucas palavras, essa luta implica perseverar na fé.
O propósito principal da prática budista é “iluminar” a “escuridão” da vida, isto é, compreender as causas que geram o sofrimento e, assim, agir para mudar a própria condição ou situação. É elevar o nosso estado de vida, munindo-nos de coragem e sabedoria para mudar. Uma pessoa iluminada, ou no estado de Buda, é aquela que manifesta força, coragem, esperança, sabedoria e que se eleva acima das próprias dificuldades. Uma vez iluminada, ela ultrapassa e vence as dificuldades, enxergando melhor a essência da vida.
Na vida de todo ser humano, a cada instante, processa-se uma batalha entre a escuridão fundamental e a iluminação. Que lado vai vencer? Isso dependerá da condição de vida predominante da pessoa, os chamados Dez Mundos ou Dez Estados da Vida (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda).
Apesar de recitar Daimoku, se ficarmos presos às nossas próprias limitações, sem desafiá-las no momento crucial, seremos derrotados pela ilusão ou escuridão fundamental.
Budismo é vitória ou derrota. Conquistamos a verdadeira vitória na vida quando enfrentamos e vencemos nossos aspectos internos, quando vencemos nossa batalha interior.
No escrito “Sobre atingir o estado de Buda nesta existência”, Nitiren Daishonin nos ensina: “Quando uma pessoa é dominada pela ilusão, é chamada de mortal comum, mas quando iluminada, é chamada de Buda. Isso se assemelha a um espelho embaçado que brilhará como uma joia quando for polido. A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado, mas quando for polida, é certo que se tornará como um espelho límpido, refletindo a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste uma profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo”. (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 4.)

Escuridão Fundamental

3ª e última parte

Esta frase revela que todas as pessoas, assim como tudo no Universo, possui inerente tanto a escuridão como a iluminação. Em outras palavras, a “verdadeira natureza da vida” pode manifestar tanto a “iluminação” pela percepção da sua natureza de Buda como a “escuridão” quando dominada pela ilusão. De acordo com o sutra Shrimala, a escuridão fundamental é a ilusão mais difícil de ser vencida e só pode ser erradicada por meio da sabedoria do Buda. Esse é o significado da frase final deste escrito de Daishonin: “Manifeste uma profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo”.
Em um de seus discursos, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “O mundo atual carece intensamente de esperança, de uma perspectiva positiva pelo futuro e de uma sólida filosofia. Não há nenhuma luz brilhante a iluminar o horizonte. Tudo está num impasse — a economia, a política e as questões ambientais e humanitárias. E os próprios seres humanos — a força motriz de todas essas esferas — também estão perdidos e não sabem como avançar. É por isso que nós, os Bodhisattvas da Terra, aparecemos. É por isso que o Budismo do Sol de Nitiren Daishonin é tão essencial. Levantemo-nos, segurando bem alto a tocha da coragem e a filosofia da verdade e da justiça. Nós começamos a agir para romper corajosamente a escuridão dos quatro sofrimentos do nascimento, da velhice, da doença e da morte, e também a escuridão da sociedade e do mundo”. (Brasil Seikyo, edição no 1.387, 19 de outubro de 1996, pág. 4.)
Em outro escrito de Daishonin, consta: “Se acender uma lamparina para uma outra pessoa, iluminará também o seu próprio caminho”. (Gosho Zenshu, pág. 1.598.) Todos são pessoas valorosas. Daishonin ressalta que respeitar os outros, constitui a base da prática do Sutra de Lótus, e que realizar o Chakubuku é conduzir a prática desse bodhisattva. Quando nos empenhamos de corpo e alma a encorajar as pessoas, convictos de que cada uma delas possui uma missão preciosa, somos capazes de revelar o potencial não só dessas pessoas, mas o nosso também.
Realizar o Chakubuku, que tem como finalidade conduzir as pessoas à iluminação com base na filosofia e no espírito benevolente do Sutra de Lótus, é a prática budista do mais elevado respeito à vida. É a prática correta para dissipar tanto a escuridão fundamental que se aloja na vida das pessoas como na de nossa própria vida.

Atingir a iluminação na presente existência

soka gakkai


Atingir a iluminação na presente existência

1a parte

O Budismo de Nitiren Daishonin é um ensino de esperança que nos possibilita estabelecer um estado de felicidade indestrutível e insuperável e conduzir uma vida de supremo valor, enquanto ajudamos e inspiramos outros a fazerem o mesmo. Todos possuem o potencial para atingir o estado de Buda e podem evidenciá-lo, pois Daishonin mostra claramente o maravilhoso caminho para a iluminação.
O ponto-chave que distingue o Budismo Nitiren de outras escolas budistas de sua época é o estabelecimento desse meio concreto para se atingir o estado de Buda. Desde que recitou pela primeira vez o mantra Nam-myoho-rengue-kyo até o momento de sua morte, Daishonin dedicou-se incansavelmente em ensinar esse caminho supremo para a iluminação a todas as pessoas.
A recitação do Daimoku é a base de todos os ensinos expostos por Daishonin ao longo de sua vida. O Budismo Nitiren, diferente das escolas budistas de sua época, não consistia na veneração a uma divindade ou um buda específico. Daishonin estabeleceu o meio para que todas as pessoas atingissem a iluminação — o ideal do Sutra de Lótus — formulando a prática da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo, que nos permite ativar nossa natureza de Buda inerente e manifestá-la como a condição de vida iluminada do Buda.
O profundo ensino de Daishonin sobre a consecução do estado de Buda nesta existência foi um conceito revolucionário que mudou radicalmente o pensamento budista dominante na época e que ainda hoje continua a brilhar como um princípio capaz de transformar totalmente a era e de abrir um futuro brilhante para o mundo moderno no século 21.
O conceito de “atingir o estado de Buda nesta existência” refere-se a uma pessoa comum que atinge a iluminação no curso desta presente existência. Por extensão, isso significa que se pode atingi-lo sem deixar de ser a pessoa que é. Nesse sentido, “atingir o estado de Buda mantendo-se a forma atual” é sinônimo de “atingir o estado de Buda na presente forma”.
Essa ideia contrasta acentuadamente com os ensinos pré-Sutra de Lótus, segundo os quais uma pessoa somente podia atingir a iluminação depois de ter praticado austeridades ao longo de incontáveis existências. Como o estado de Buda é inseparável da Lei Mística eterna e é repleto de sabedoria e benevolência infinitas, tende a ser visto como algo completamente separado da vida das pessoas dominadas pela ilusão. Acreditava-se que para se atingir a iluminação era preciso superar esse abismo insondavelmente profundo entre o Buda e as pessoas comuns. Isso deu surgimento à ideia de que tinham de praticar austeridades durante inumeráveis kalpas (período extremamente longo.)

Atingir a iluminação na presente existência

2a parte

O Budismo de Nitiren Daishonin esclarece que a presente existência, na qual pudemos nascer como seres humanos, é o momento exato de tornar realidade o princípio de atingir o estado de Buda mantendo-se a forma atual, revelado no Sutra de Lótus.
Como sabemos, o coração humano é sensível, multifacetado e rico; possui a capacidade de realizar façanhas incríveis. Mas, por isso mesmo, frequentemente experimenta grandes sofrimentos e tormentos. Assim, o coração humano pode ver-se preso em uma interminável espiral negativa e decadente. Nossa vida transmigrará para sempre nos caminhos do mal ou conseguiremos movê-la para o lado do bem?
Como mostram muitos de seus escritos, Daishonin repetidamente enfatiza a importância da mente e do coração. Nesse domínio da vida reside o potencial para a mudança drástica do mal para o bem ou do bem para o mal. Por essa razão, o ensino de Daishonin sobre a iluminação pode ser visto como um processo que começa com a mudança interior. Em outras palavras, empregando o recurso da fé podemos vencer as funções negativas que habitam em nós — funções governadas pela escuridão fundamental que se aninham no coração humano — e manifestar as funções positivas da vida, inseparáveis da natureza do Darma; ou seja, o estado de Buda.
A presente existência em que nascemos como seres humanos representa uma oportunidade inestimável para assegurar que nossa vida deixe de transmigrar nos maus caminhos e siga pelo caminho do bem. Nitiren Daishonin possuía uma profunda compreensão do potencial humano, sabia que as pessoas podiam se libertar de um ciclo de transmigração negativa e entrar numa órbita positiva, mediante profunda mudança interior.
Quando a fé vence a dúvida e a ilusão, o poder de nossa natureza de Buda inerente é ativado mediante a vibração sonora de Daimoku e se manifesta espontaneamente em nossa vida. Quando recitamos o Nam-myoho-rengue-kyo, estamos manifestando a natureza de Buda na própria vida e na dos outros. 
Há dois aspectos da recitação do Daimoku no budismo: o Daimoku de fé e o Daimoku de prática. O primeiro se refere ao aspecto espiritual de nossa prática. Consiste, essencialmente, da luta que travamos no coração contra a escuridão ou a ilusão intrínseca, ou seja, uma batalha contra nossas forças negativas e destrutivas. Essa batalha implica em romper a escuridão que envolve nossa natureza de Buda e fazer surgir, mediante a força da fé, o estado de Buda. O Daimoku de prática, por sua vez, refere-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e à transmissão da Lei a outras pessoas. Essa prática implica em empenhar esforços por meio de palavras e ações pela felicidade de si próprio e a dos outros como evidência da luta espiritual contra a negatividade e a ilusão.

Atingir a iluminação na presente existência

3a e última parte

Quando o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, formulou sua teoria do valor, não incluiu a “santidade” ou o “sagrado”, que muitos outros pensadores que o antecederam haviam considerado como valor religioso. Para Makiguti, o “grande bem” era o valor máximo que toda religião devia se empenhar para atingir. A expressão “grande bem” refere-se ao valor supremo que os seres humanos e a sociedade são capazes de atingir. Makiguti considera como verdadeira religião aquela que serve ao bem-estar dos seres humanos. Quando Daishonin abriu o caminho para que todas as pessoas atingissem a iluminação na presente existência com a recitação do Daimoku, estabeleceu pela primeira vez um ensino de autêntico humanismo. Pode-se dizer que abrir o caminho para a iluminação de todas as pessoas é um requisito de qualquer religião verdadeiramente humanística.
Com isso, Daishonin nos possibilitou viver embasados no poder infinito da Lei Mística, ou seja, edificarmos uma vida sólida e segura, que nos proporciona coragem e convicção para sermos indivíduos autônomos. Este é o significado de atingir o estado de Buda nesta existência em termos de vida individual.
Daishonin expôs que, ao contrário do que se acreditava no budismo tradicional, buda não é um ser que irradia luz e não há necessidade de se praticar incontáveis anos para se atingir essa condição. Trata-se de uma luta interior constante, que se realiza a cada momento, entre duas tendências opostas: revelar a natureza do Darma inerente, ou deixar que a ilusão e escuridão fundamental nos governem. Esse empenho incessante pelo aprimoramento de nossa vida constitui a essência, o coração da prática budista.
Somente podemos triunfar na vida e revelar o pleno potencial quando vencemos nossa escuridão interior e a própria negatividade. E o Budismo Nitiren é o único meio para vencer a escuridão e a ilusão, que são a origem do mal do ser humano, e de cultivar a verdadeira independência, construir uma identidade sólida e adquirir um estado de vida de felicidade e paz de espírito ilimitadas. 
O princípio de atingir o estado de Buda nesta existência é extremamente importante por conceder esperança à humanidade e abrir o caminho para transformar o destino de todas as ­pessoas. Nesse ponto reside seu significado coletivo ou universal.
Todos, no âmago da vida, anseiam atingir a iluminação. Porém, não há ensino mais difícil de crer ou de compreender que a doutrina da consecução infalível do estado de Buda nesta existência. Nós, da SGI, assumimos o compromisso de colocar em prática esse profundo ensino e de compartilhá-lo amplamente com os outros, no Japão e no mundo inteiro.
Na sociedade atual, nós, como valentes Bodhisattvas da Terra, estamos dando provas reais e concretas do potencial humano para transformar o destino. Orgulhosos de nossa nobre missão, continuemos compartilhando alegremente o Budismo Nitiren — seu ensino sobre a consecução do estado de Buda nesta existência — ao mesmo tempo em que vivemos da maneira mais significativa e satisfatória possível.

Os Dez Estados da Vida e a Possessão Mútua


soka gakkai



Os Dez Estados da Vida e a Possessão Mútua

1ª parte

Os Dez Estados da Vida, também chamados de “Dez Mundos”, indicam as dez condições de vida que o ser humano experimenta em seu dia a dia. É uma análise dos fenômenos que uma vida manifesta no decorrer de sua existência.
Originalmente, os Dez Mundos significavam o lugar em que cada pessoa renascia em várias existências como consequência do carma acumulado. Por exemplo: no mundo da Tranquilidade (Humanidade) como ser humano, no mundo da Animalidade como um animal e no mundo da Fome como um espírito faminto e assim por diante. Porém, à luz do Sutra de Lótus, os Dez Mundos são considerados os vários estados ou condições que uma pessoa manifesta em cada momento de sua existência. Os Dez mundos descrevem as sensações subjetivas experimentadas pelo “eu” no âmago da vida.
É importante salientar que os Dez Estados da Vida não se manifestam numa sequência do mais baixo ao mais elevado na vida das pessoas, como se subíssemos uma escada, e nem deve ser considerado separadamente. Em função de fatores externos e de sua intensidade, subitamente podemos sair do estado de Alegria para o estado de Inferno, ou vice-versa, ou seja, não é preciso vivenciar os estados de Ira, Animalidade, Fome para manifestar o estado de Inferno. E nem devem ser considerados separadamente porque em razão da “Possessão Mútua” (Jikkai Gogu) cada um dos Dez Mundos contém em si todos eles.
Em um discurso, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica: “As palmas das mãos juntas representam a fusão da realidade e da sabedoria — a fusão da nossa vida com a Lei Mística — ao passo que o encontro dos dedos das duas mãos representa a possessão mútua dos Dez Estados. Isso significa que nenhum dos Dez Estados — isto é, Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e estado de Buda — está separado do outro. É exatamente por isso que o poder do estado de Buda se manifesta nos outros nove estados na nossa vida diária”. (Brasil Seikyo, edição no 1.484, 14 de novembro de 1998, pág. 4).
Os estados de Inferno, Fome, Animalidade e Ira são conhecidos como “Os Quatro Maus Caminhos”.
Estado de Inferno (Jigoku): Indica um estado destituído de liberdade onde a pessoa é completamente guiada e/ou influenciada pelo seu mau carma. Constitui-se de muito sofrimento, caracterizado pelo impulso de destruir a si próprio assim como todos e tudo que estiver em seu caminho.
Estado de Fome (Gaki): Nitiren Daishonin cita em seus escritos “O Verdadeiro Objeto de Devoção” que a ganância existe no mundo da Fome. Nessa condição, a pessoa é governada pelos desejos insaciáveis, incluindo não só desejos materiais como também o desejo de obter a fama. Sofrem muito, pois nunca estão satisfeitas. As causas para se chegar nessa condição de vida são atribuídas às tendências negativas como avareza, ganância e inveja.

Os Dez Estados de Vida e a Possessão Mútua

2ª parte

O terceiro estado da vida, Animalidade (Tikusho), conforme consta no escrito “O Verdadeiro Objeto de Devoção”, é a insensatez. Nesse estado, a pessoa é escrava dos desejos do instinto e perde o sentido da razão. Em “Carta à Niike” consta: “Animal é matar ou ser morto”. O critério das ações daqueles no estado de Animalidade é a luta pela sobrevivência, a lei da selva. As pessoas deste estado tomam vantagem dos fracos e adulam os mais fortes.
Sobre o estado de Ira (Shura), o Buda Nitiren Daishonin afirma: “A perversidade existe no estado de Ira”. Neste estado, a pessoa é dominada pelo egoísmo, desprezando os outros e exaltando a si próprio. Apega-se fortemente à ideia de sua superioridade e não suporta ser inferior a ninguém em nada. Enquanto as pessoas nos três estados anteriores não têm controle sobre a vida, pois estão completamente dominadas pelos desejos, a pessoa em estado de Ira já possui o controle sobre a própria vida, é como um falcão procurando pela presa. Ele poderá “mostrar” externamente benevolência, retidão, justiça e ter inclusive um rudimentar senso de moral, porém, o seu coração permanece no estado de Ira.
Estado de Tranquilidade ou Humanidade (Nin): O Buda Nitiren Daishonin afirma: ”A serenidade existe no mundo da Humanidade”. Neste estado a pessoa possui senso de moral, pode expressar seu julgamento justo, pensar racionalmente, controlar seus desejos instintivos por meio da razão e portar-se de modo humano, no entanto, podem cair facilmente nos quatro maus caminhos por qualquer circunstância adversa da vida.
Estado de Alegria ou Céu (Ten): O Buda Nitiren Daishonin afirma em “O Verdadeiro Objeto de Devoção” que o estado de Alegria existe no mundo do êxtase. Existem vários tipos de alegrias, por exemplo, aquelas em que as pessoas sentem quando suas vontades imediatas são satisfeitas. Existem aquelas que incluem sensação de bem-estar, saúde e energia, e também aquela alegria que decorre de satisfação e contentamento espiritual. Todas as alegrias citadas acima são efêmeras e desaparecem com o passar do tempo, pois são governadas pelas influências externas.
Os seis estados citados até o momento são chamados de “Seis Mundos Inferiores”, pois eles aparecem automaticamente e instintivamente de acordo com os vários desejos e suas manifestações ou frustrações. A maioria das pessoas passa o seu tempo indo e vindo entre esses seis mundos. Ao contrário, os quatro nobres caminhos — Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda — são os mais elevados, e para atingi-los são necessários a autorreflexão e esforço consciente na transformação de si próprio.
Estado de Erudição (Shomom): Homens de erudição significavam, originalmente, aqueles que ouviram o Buda pregar os ensinos e esforçavam-se para eliminar os desejos mundanos e atingir a iluminação. É a condição de vida em que a pessoa busca o contentamento e a estabilidade por meio da autorreforma e do desenvolvimento próprio. Busca conhecimentos e experiência de seus predecessores.

Os Dez Estados da Vida e a Possessão Mútua

3a parte

Estado de Absorção (Engaku): ­Significa o despertar por si próprio. A pessoa nesse estado compreende algumas verdades, independentemente dos ensinos budistas, e as usa principalmente para beneficio próprio. O Buda Nitiren Daishonin afirma: “O fato de todas as coisas no mundo serem transitórias é perfeitamente claro para nós. Não seria porque os mundos dos dois veículos estão presentes no mundo da Tranquilidade?”. Os dois veículos (estados de Absorção e Erudição) são os que a pessoa desperta para o fato de que a vida é transitória. E ao refletir baseando-se nessa verdade, a pessoa liberta-se de ser controlada pelas condições mutáveis e pelos desejos inatos como aqueles dos seis maus caminhos, e estabelece uma certa independência. Entretanto, o despertar das pessoas nos dois veículos é dirigido somente para sua própria salvação.
Estado de Bodhisattva (Bosatsu): Bodhi significa sabedoria do Buda, e sattva, seres sensíveis. Ou seja, seres sensíveis com sabedoria de Buda. O estado de Bodhisattva é caracterizado pelas ações altruísticas. O Buda Nitiren Daishonin afirma: “Aqueles no estado de Bodhisattva vivem entre os mortais comuns dos seis caminhos e humilham-se respeitando os outros. Os bodhisattvas atraem as maldades para si e dão benefícios aos outros”. 
Todos os bodhisattvas fazem quatro grandes juramentos quando tentam pela primeira vez a prática de bodhisattva para atingir a iluminação. (1) transportar todas as pessoas através do mar de sofrimento para a distante praia da iluminação; (2) erradicar todos os desejos mundanos (não ser dominados por eles); (3) dominar todos os ensinos budistas (compreender com a vida os ensinamentos); (4) atingir a suprema iluminação.
Estado de Buda (Butsu): É a condição de liberdade perfeita e absoluta, o supremo estado em que se compreende o Caminho do Meio. É a condição de felicidade absoluta que nada pode corromper. O Buda compreende a lei da causalidade permeando o passado, o presente e o futuro e a eternidade da vida agindo espontaneamente para o bem dos seus semelhantes. 
Da mesma forma que nenhum estado de vida é estático, o estado de Buda é experimentado no decurso das contínuas atividades altruísticas diárias. Portanto, não se deve considerá-lo como um objetivo máximo a ser atingido somente no final da vida, mas algo a ser alcançado todos os dias.
Os Dez Estados de Vida estão inerentes na vida de todas as pessoas. No escrito “O Verdadeiro Objeto de Devoção”, o Buda Nitiren Daishonin afirma: “Mesmo um frio vilão ama sua esposa e filhos. Ele também tem o estado de Bodhisattva dentro de sua vida. O estado de Buda é o mais difícil de demonstrar, mas desde que os outros nove mundos na realidade existem como estados da vida humana, o senhor deve ter fé de que o estado de Buda também existe dentro da sua vida”. 

Os Dez Estado de Vida e a Possesão Mútua

4a e última parte

Como dito anteriormente, cada um dos Dez Mundos (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda) contém em si os outros nove estados da vida. 
Este princípio expressa a realidade da vida de que nenhuma das dez condições é estável, mas que mudam de momento a momento. A “possessão mútua” explica a relação dos dez mundos, como cada um deles muda da inatividade para a manifestação ativa e vice-versa. 
Em um discurso, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica: “Tanto a função do ‘demônio’ como a função do ‘Buda’ existem na nossa vida. Por fim, essa batalha significa lutar contra nós próprios. Seja em nossa prática budista, em meios às atividades na sociedade ou no desenvolvimento histórico, político e econômico, tudo se reduz essencialmente à luta entre as forças positivas e negativas, pois todas essas atividades são manifestações da Lei Mística, ou myoho — myo representando o mundo do estado de Buda, e ho, os nove mundos. A Lei Mística incorpora a possessão mútua dos Dez Estados — a verdade de que o estado de Buda contém os nove mundos e que os nove mundos contêm o estado de Buda. (Brasil Seikyo, edição no 1.438, 15 de novembro de 1997, pág. 3.)
Ou seja, todos os fenômenos do Universo são funções ou manifestações do princípio da possessão mútua dos Dez Estados, do princípio dos cem mundos e mil fatores, e do princípio de um único momento da vida que abarca os três mil mundos (itinen sanzen). Tudo reflete a causalidade dos Dez Estados. Em nosso íntimo, há uma constante e eterna luta entre o bem e o mal. Um drama de um desesperado cabo-de-guerra entre a felicidade e a miséria, entre o progresso e o declínio. 
A vida é uma sucessão de eventos. Existem dias alegres, outros tristes. Às vezes, acontecem coisas desagradáveis. Mas conforme observa o presidente Ikeda, é isso o que torna a vida tão interessante. Os dramas por que passamos são uma parte essencial do ser humano. Se na vida não houvesse sofrimento, nenhuma mudança nem dramas, se nada de inesperado acontecesse, seríamos simplesmente robôs, vazios de sentimento. Seria insuportavelmente monótono e tedioso. “O sofrimento é inevitável. Por isso, é preciso estar preparado para as adversidades e ter fortaleza interior para superar a angústia e a preocupação. É preciso fazer brilhar na própria vida a ‘luz serena da iluminação’, ou seja, o estado de Buda. Assim, os desejos mundanos se transformarão em iluminação e pode-se aproveitar tudo o que acontece na vida como se fosse um combustível para alimentar a própria vida.” (Ibidem, edição no 1.837, 25 de março de 2006, pág. B2.)
A visão positiva da vida ensinada no Budismo Nitiren nos possibilita a desenvolver uma forte personalidade para que possamos atuar com confiança e equilíbrio diante de qualquer vicissitude, tendo uma existência plena e satisfatória.

Fé de água corrente


soka gakkai


Fé de água corrente

1a parte

O princípio “Fé de água corrente” é citado no escrito do Buda Nitiren Daishonin intitulado “Resposta ao Lorde Ueno”: “Atualmente, existem pessoas que têm fé no Sutra de Lótus. Entretanto, alguns creem como chamas ardentes, enquanto outros como água corrente. Quando os primeiros ouvem sobre o Budismo, entusiasmam-se como o fogo, mas quando permanecem afastados são dominados pela mente disposta a abandonar a fé. ‘Como água corrente’ significa crer continuamente sem nunca retroceder. Como o senhor frequentemente tem me visitado independentemente das circunstâncias, a sua fé é comparável à ‘água corrente’. Quão digno de respeito”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 419).
Esta carta foi endereçada a Nanjo Tokimitsu, o Lorde do Distrito de Ueno, exemplo de pessoa com um genuíno espírito de doação. Ele levou avante a pura fé desde a sua infância em face de todas as dificuldades e manteve aceso o espírito de proteger o Budismo Nitiren. Durante a Perseguição de Atsuhara, Nanjo Tokimitsu desempenhou um papel crucial em proteger os crentes sofredores. Seu próprio lar foi o seu único refúgio. Como lorde, exercia alguma influência e usou-a para proteger os seguidores do Buda Nitiren Daishonin. Como suas ações não eram aceitas pelo governo de Kamakura, teve cobradas taxas altíssimas em seu feudo. Finalmente, não pôde nem permitir-se manter um cavalo — um sofrimento para um jovem samurai — ou comprar roupas para a esposa e filhos. 
Além disso, Nanjo Tokimitsu, como todas as pessoas do Japão, passava por grandes necessidades diárias, pois o país havia sido devastado pela fome. A despeito de suas próprias dificuldades financeiras, contudo, continuou a enviar provisões ao Buda Nitiren Daishonin em Minobu.
Nesta carta, Nitiren expressa gratidão e elogia Nanjo Tokimitsu pela sua profunda sinceridade. 
Por mais que tenhamos sofrimento na época atual, ele não se compara aos vividos naqueles tempos, mas a prática da fé não muda, seja a época que for.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica que um dos pontos básicos para se conquistar a felicidade é manter a prática da fé como uma correnteza de água pura, acreditando no Gohonzon sem abrigar dúvidas, e que isso se inicia lutando contra as próprias fraquezas que envolvem o sentimento de cada um. A veracidade do Budismo Nitiren está de acordo com as três provas: documental, teórica e real. Entretanto, as pessoas tendem a criar dúvidas no coração quando enfrentam dificuldades no trabalho e logo pensam que o Gohonzon não tem força. Ou quando o filho se machuca, pensam que o Gohonzon deveria protegê-lo. Por outro lado, quando a Soka Gakkai é criticada pela imprensa, passam a desconfiar das orientações que são dadas, perdem a convicção no Gohonzon e deixam de fazer o Gongyo e o Daimoku. Essas pessoas geralmente culpam o Gohonzon, estão sempre com dúvidas em relação à prática da fé e à Organização, e por isso, acabam apagando a boa sorte e deixam de receber benefícios.

Fé de água corrente

2a e última parte

Fé também significa “polir a vida”. Ao recitarmos o Gongyo e o Daimoku, purificamos nosso coração substituindo a avareza pelo espírito de doação em todos os aspectos, seja na família, no trabalho, na escola, na vizinhança e, principalmente, no mundo da SGI. É substituir a ira pelo amor; não o amor entre pais e filhos ou entre homens e mulheres, mas o amor pelo ser humano. É substituir a estupidez pelo conhecimento, não só o adquirido nas escolas e universidades, mas, sobretudo, nos escritos de Nitiren Daishonin e nos discursos do presidente da SGI, Daisaku Ikeda.
A fé de água corrente nos permite ter uma existência feliz e realizada, conforme explica o presidente Ikeda: “No Budismo Nitiren, acredita-se não apenas em felicidade, mas que esta seja absoluta, isto é, deve se criar a condição para sentir alegria em qualquer circunstância da vida. Jossei Toda, o segundo presidente da Soka Gakkai, dizia: ‘Quando alcançam a felicidade absoluta, não têm mais nenhum problema com dinheiro e desfrutam boa saúde. Seu lar fica em harmonia, seus negócios vão bem, seu coração enche-se de um sentimento de plenitude e tudo que veem e ouvem faz com que pensem consigo ‘que maravilhoso’. Quando conseguem ver o mundo dessa forma, este mundo, o mundo saha dominado pela discórdia, torna-se a terra do buda. Isto é atingir o estado de Buda”. (Terceira Civilização, edição no 485, janeiro de 2009, pág. 34).
Para ter uma fé de água corrente devemos crer que encontramos o verdadeiro caminho que o ser humano deve trilhar como fez o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo Makiguti, quando encontrou o Budismo Nitiren. Ele disse: “Com alegria indescritível, mudei meu modo de vida de quase sessenta anos. Desvaneceu-se por completo a angústia de buscar cegamente respostas para as perguntas sobre a vida. Também desapareceram minhas incertezas e vacilações inatas. Minhas metas tornaram-se muito maiores e mais nobres, e quanto aos meus temores, diminuíram”. (Envelhecendo na Sociedade Contemporânea, pág. 28.)
Para não nos permitir ter uma “fé de fogo”, o espírito de procura é de fundamental importância. Visando 2030, ano do centenário da Soka Gakkai, o estudo dos escritos de Nitiren Daishonin deve ser valorizado nas comunidades e blocos para que todos possam cultivar uma fé de água corrente.
Para o desenvolvimento dos blocos, é preciso estudar o budismo junto aos novos integrantes, pois entender a profunda filosofia do Budismo Nitiren e aplicá-la na vida diária fortalecerá cada vez mais a organização de base, não permitindo a estagnação e a derrota, pois os benefícios advindos dessa nova postura diante da vida serão infinitos. A Soka Gakkai, os líderes e as atividades promovidas pela Organização existem para ajudar todos os seus integrantes a conquistarem benefícios e mais benefícios. Isso é um ponto fundamental e que jamais deverá ser esquecido.