“Um mundo em que ninguém seja deixado para trás”
“O altruísmo ensinado no budismo [...] é a recusa em ignorar qualquer forma de sofrimento não relacionado conosco”. Essa afirmação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, em sua Proposta de Paz 2016 contém a essência da filosofia ensinada na SGI.
Conheça a compaixão budista (jihi, em jap.; karuna, em sânscrito), a ação enérgica para reviver a esperança e remover o sofrimento da vida de todos os seres. Um budista nunca se isola, mas mergulha no mundo real no qual as pessoas estão enfrentando as tormentas da vida e acredita nelas, confia na capacidade de transformação de cada indivíduo.
A dor do outro nunca é só dele — um budista estende a mão, chora junto, ora junto e com sabedoria e energia vital traz à luz a dignidade de quem está bem à sua frente.
Vale muito a pena trabalhar pela felicidade das outras pessoas
O que faz uma pessoa se preocupar com outras? É seu estado de vida — a quantidade de energia vital que permeia sua mente.
Alguém com pouca vitalidade tende ao egoísmo: quanto menos força tem, mais vive apenas para sua autoproteção e sobrevivência. Sobra pouco para perceber e apoiar os demais.
Já um indivíduo com farta energia mental se sente realizado internamente e isso altera sua forma de enxergar o mundo: ele se sente bem e utiliza sua força transbordante para revitalizar o ambiente. Felicidade completa para ele consiste em ser feliz junto com os outros.
A compaixão budista não é um sentimento apenas; é uma forma de viver, é ação real para mudar a vida diária das pessoas que sofrem.
Realidade do mundo
“O mundo se vê assolado por crises que ameaçam de forma extrema a vida e a dignidade de inúmeras pessoas” (Terceira Civilização, ed. 573, maio 2016, p. 28).
Essa afirmação do presidente Ikeda nos envolve num senso de responsabilidade com o planeta.
Por meio da prática da recitação e da propagação do Nam-myoho-renge-kyo, nós nos revitalizamos e, com entusiamo, olhamos para o mundo desejando a paz, valorizando as diferenças e agindo com compaixão.
O poder místico do daimoku quebra o egoísmo e floresce nosso ânimo. Viver fica tão bom que começa a valer a pena se dedicar aos outros.
Nós nos dedicamos à transformação do destino pessoal e familiar ao mesmo tempo que abraçamos calorosamente todos ao redor: “Toda pessoa tem o direito de ser feliz. Vale a pena trabalhar para cultivar e expandir a solidariedade entre cidadãos comuns que se comprometam a proteger esse direito e evitar os sofrimentos desnecessários no mundo” (Ibidem, p. 22).
Ações em prol do povo
O presidente Ikeda é uma pessoa de ação. Sua filosofia é prática e conduz à mudança da realidade da vida das pessoas. Uma das ações mais efetivas são as reuniões de palestra, realizadas na SGI nos blocos e nas comunidades.
Elas são a principal atividade para o encorajamento mútuo entre as pessoas do povo:
“A reunião de palestra é fundamental para as iniciativas da SGI de empoderamento pelo povo, para o povo e do povo; é a expressão do nosso sentido de missão dentro da sociedade. Por meio delas, queremos recuperar a consciência das profundas e ilimitadas possibilidades de vida de cada pessoa, algo que muitas vezes fica obscurecido diante da expansão das ameaças cada vez mais complexas que nosso mundo enfrenta” (Proposta de Paz 2016, p. 30).
Seja a pessoa que estende a mão generosa a quem sofre
“Todos estremecem diante da violência: a vida é tão preciosa. Colocando-se no lugar do outro, não se deve matar nem levar alguém a matar” (Proposta de Paz 2016, p. 27 ).
Essa afirmação do fundador do budismo, Shakyamuni, contém a essência da vida de um budista: repudiar a violência e lutar para que a miséria desapareça.
O presidente Ikeda cita o exemplo dos refugiados da Síria. Muitas famílias de outros países têm recebido os sírios com respeito porque compreendem o sofrimento deles: “Espontaneamente estendem a mão generosa. Para quem perdeu o lar, essa atitude é importante fonte de coragem, ajuda insubstituível. Mesmo um gesto aparentemente pequeno pode ter impacto significativo, talvez decisivo, para a pessoa a quem é oferecido” (Ibidem).
Um budista crê na dignidade inerente ao ser humano. Ele não se preocupa vagamente em mudar o mundo, mas age energicamente para “tocar a vida de uma pessoa” (Ibidem). Quem cuida de uma pessoa está salvando a humanidade; quem valoriza de verdade a si mesmo, sente o mesmo pelo outro, se coloca no lugar do outro e “enxerga o mundo com os olhos da empatia” (Ibidem).
O ponto de partida de um budista é a compaixão, um modo de vida comprometido com a proteção de si e dos demais. Ele se recusa a ignorar o sofrimento alheio e justamente por isso manifesta no cotidiano o estado de buda e faz brilhar sua humanidade.
“Não há felicidade que seja só nossa”
A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou em setembro de 2015 os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O presidente da SGI afirma estar impressionado com a “clara determinação [da ONU] de não deixar ninguém para trás, sintetizada na primeira meta ‘acabar com a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares’” (Proposta de Paz 2016, p. 24). Ele vem persistentemente clamando à ONU que defenda os que sofrem: “Estou particularmente satisfeito com a importância central que ganhou nos ODS o princípio de não deixar ninguém para trás, pelo qual faz tempo venho lutando” (Ibidem, p. 24).
O impulso diário de um budista é evitar a todo custo que as pessoas continuem imersas no sofrimento. Para isso, ele ora Nam-myoho-renge-kyo ao Gohonzon sinceramente disposto a encorajar quem está por perto. Ao olhar para o mundo ele entende e sente que “não há felicidade que seja só nossa, nem sofrimento que aflija apenas os outros” (Ibidem), e jura: “Ninguém será deixado para trás” (Ibidem, p. 61).
Contagie o mundo com o brilho do seu humanismo
“Num mundo cada vez mais sombrio, tocarei o tambor da imortalidade” (Proposta de Paz 2016, p. 28).
O filósofo alemão Karl Jaspers analisou a frase acima dita por Shakyamuni. Jaspers concluiu que o Buda foi motivado pela convicção de que “falar para todos é falar para cada indivíduo”.
Todo membro da SGI é herdeiro direto da compaixão do Buda expressa na forma de convicção, assim descrita:
1. Compartilhar com empatia o sofrimento e a alegria das pessoas comuns;
2. Avançar junto com os indivíduos que sofrem;
3. Criar com elas uma crescente rede de laços de vida-a-vida;
4. Estar convencido de que, independentemente da condição atual, cada um tem a capacidade de iluminar o local onde se concentra no momento;
5. Nunca julgar alguém pela aparência atual — se concentrar na dignidade inerente à vida;
6. Inspirar em cada um a confiança necessária com esperança.
Um budista adota esses itens citados pelo presidente Ikeda como filosofia de vida. Ao viver assim, ele é feliz no nível pessoal ao mesmo tempo em que transmite coragem aos outros — é alguém plenamente realizado que abraça e harmoniza a todos à sua volta.
Um discípulo do presidente Ikeda crê que todos conseguem manifestar o estado de buda. Age confiante que todos podem transformar aqui e agora o destino com a própria força. Por isso ele se compromete a não deixar ninguém para trás.
E quanto mais indivíduos firmarem esse compromisso, maior é o “coro de juramentos” (Ibidem).
Concluímos com uma frase do Mestre: “Reconhecendo essa mesma dignidade nos outros, eles juram, um após o outro, fazer brilhar o interior de sua própria vida, contagiar a vida das pessoas e, assim, iluminar a humanidade” (Ibidem, p. 29).
“A juventude pode e vai fazer a transformação. Vamos continuar a trabalhar por um mundo, uma sociedade mundial. Ninguém será deixado para trás” Daisaku Ikeda (Proposta de Paz 2016, p. 61)
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Encontro do casal Ikeda com a "mãe da China", madame Deng Yingchao |
Acabar com a pobreza em todos os lugares
Texto extraído da Proposta de Paz 2016 de
Daisaku Ikeda
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A profunda correnteza da humanidade
Em setembro de 2015, a ONU adotou um plano sucessor para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), definidos em 2000 e destinados a reduzir a pobreza e a fome. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão definidos no documento “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”.
Além de continuarem o trabalho iniciado pelos ODM, as novas metas procuram desenvolver respostas abrangentes para questões críticas como as alterações climáticas e a redução do risco de desastres até 2030. A mais impressionante talvez seja a clara determinação de não deixar ninguém para trás, sintetizada na primeira meta “acabar com a pobreza em todas as suas formas e em todos os lugares”. Isto representa um significativo avanço nos ODM, reduzindo à metade a pobreza extrema, ao declararem que ninguém pode ser abandonado à própria sorte.
A Agenda 2030 chama atenção e enfatiza a necessidade de empoderamento, especialmente em grupos vulneráveis, crianças, idosos, pessoas com deficiência, refugiados e migrantes. Clama também pelo fortalecimento de assistência específica às necessidades especiais desses grupos e pela melhoria das condições de pessoas que vivem em áreas afetadas por emergências humanitárias ou pelo terrorismo.
Estou particularmente satisfeito com a importância central que ganhou nos ODS o princípio de não se deixar ninguém para trás, pelo qual faz tempo venho lutando. Também já solicitei que os ODS incluam a proteção da dignidade e dos direitos humanos fundamentais das pessoas deslocadas e migrantes internacionais.
(...)
As bases da
ação altruísta
A convicção de Gandhi inspira não apenas a prática religiosa da SGI, mas também o nosso apoio à ONU e a outras atividades de engajamento social — a determinação de valorizar cada indivíduo.
A base do budismo é a crença na dignidade inerente a todas as pessoas. E, como a seguinte passagem dos ensinamentos de Shakyamuni indica, é despertada por um processo de autorreflexão e autoconhecimento:
Todos estremecem diante da violência: a vida é tão preciosa. Colocando-se no lugar do outro, não se deve matar nem levar alguém a matar.
Em outras palavras, o budismo tem como ponto de partida o impulso humano universal de evitar o sofrimento ou o mal e o senso inegável do valor único do nosso próprio ser. Isto nos leva à conclusão de que os outros devem sentir o mesmo. Na medida em que nos colocamos no lugar do outro, passamos a ter uma noção tangível da realidade do seu sofrimento. Shakyamuni nos convidou a enxergar o mundo com esses olhos de empatia e, portanto, nos comprometermos com um modo de vida que protegerá todas as pessoas da violência e da discriminação.
O altruísmo ensinado no budismo não surge da negação do eu. A consciência da inevitável dor de nossa própria existência, os laços criados pelo caminho percorrido na vida e que nos trouxeram até aqui podem nos despertar para a universalidade da angústia humana, não importam as diferenças de nacionalidade e etnia. É a recusa em ignorar qualquer forma de sofrimento não relacionado conosco que faz a nossa humanidade resplandecer.
De acordo com a descrição de Shakyamuni feita pelo filósofo alemão Karl Jaspers (1883 — 1969), quando o Buda declarou: “Num mundo cada vez mais sombrio, tocarei o tambor da imortalidade”, foi motivado pela convicção de que “falar para todos é falar a cada indivíduo”.
Como atuais herdeiros desta virtude, os membros da SGI se empenham em compartilhar com empatia sofrimentos e alegrias das pessoas comuns e avançar junto com elas numa crescente rede de laços de vida-a-vida.
O espírito budista de valorizar cada indivíduo é enriquecido por mais uma perspectiva: a convicção de que cada pessoa, independentemente de seu caminho de vida ou de sua condição atual, tem a capacidade de iluminar o local onde se encontra no momento. Nós nos esforçamos para não julgar uma pessoa pela sua aparência atual. Em vez disso, nos concentramos na dignidade inerente à vida de cada indivíduo. Assim buscamos inspirar no outro a confiança necessária para viver com esperança, iluminado por essa dignidade.
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