O céu não é o limite!
Observando o céu, Melkzedek relata que voar sempre foi seu sonho, e aos 15 anos acalentou o desejo de se tornar piloto de aviões. O sonho era alto e consequentemente as dificuldades vieram na mesma proporção. Nunca pensou em desistir, pelo contrário, diz que sua busca para estreitar os laços com o presidente Ikeda o fortaleceu para chegar onde queria.
Por que decidiu seguir esta profissão? Quantos anos tinha na época?
Nasci num circo e meu pai era trapezista. Acho que por isso o sonho de voar sempre esteve presente. Comecei a praticar o Budismo de Nichiren Daishonin aos 6 anos por influência do meu tio, mas só me converti aos 15 quando minha mãe decidiu receber o Gohonzon.
Iniciei na aviação também aos 15 anos. Fui aceito num curso promovido pela Aeronáutica com muitos candidatos, e me especializei em manutenção de aeronaves. Essa foi a concretização do meu primeiro grande objetivo atuando na Divisão dos Jovens. Recebi diploma profissional e com ele consegui meu primeiro emprego aos 17 anos, em que era responsável pela manutenção de sete aviões no aeroporto de Brasília. Embora ainda muito jovem, atuei com bastante seriedade conforme nosso mestre orienta, pois a responsabilidade era inimaginável para mim naquela ocasião.
Quando estava para completar 18 anos, fui demitido por essa empresa por estar no período de cumprir o serviço militar. Fiquei com muita raiva naquele momento, mas
sabia que nada era por acaso. Então fiz a decisão de que um dia voltaria, mas na condição de piloto.
Quem mais o incentivou a seguir seu sonho?
Seguir nesse sonho não foi fácil, pois à primeira vista não havia qualquer condição de realizá‑lo. E para tornar tudo ainda mais desafiador, meus pais se separaram justamente naquele ano, o que me fez sofrer bastante por ser filho único. Embora apenas minha mãe praticasse o budismo, sempre tive o apoio incondicional dos dois.
Lembro-me claramente até hoje que tinha na minha cabeceira uma foto do meu mestre, o presidente Ikeda, e sempre que me sentia só ou enfrentava um momento difícil, conversava com ele. Muitas vezes de madrugada, com lágrimas nos olhos, eu lhe dizia: “Sensei, vou vencer! Eu preciso vencer! Você vai ver! Terá muito orgulho de mim, fique tranquilo!”.
Houve algum momento em que pensou em desistir?
Nunca, jamais! Tive a grata oportunidade de estar presente na 1a Convenção dos Universitários da BSGI em 1987, e o nosso responsável questionou naquela ocasião quem de nós se considerava um discípulo do presidente Ikeda.
Respondi "hai" [sim, em japonês] e, em seguida, ele perguntou quem de nós estava se desafiando para fazer uma universidade. Nesse momento abaixei a cabeça e me calei, porque não tinha coragem nem me achava capaz de enfrentar uma universidade.
Então ele falou: "Se vocês não têm determinação para vencer nos estudos e se desafiar para ser uma pessoa de grande valor na sociedade, parem de dizer que são discípulos do presidente Ikeda".
O tempo passou muito rápido e, quando percebi, já estava com 30 anos. Naquela época, surgiu o primeiro curso superior para formação de pilotos comerciais em minha cidade, e não havia mais desculpas para não encarar o desafio. Eu me inscrevi no vestibular e nunca mais saí da sala de aula — isso já faz dezessete anos. Cursei duas graduações, duas pós-graduações, hoje estou finalizando o mestrado e em breve darei início ao doutorado. Fui convidado por um de meus professores para compor o grupo de educadores da universidade e atualmente leciono no curso de formação de 300 alunos pilotos.
Em 2015, estive no Japão com minha família, e lá reencontrei meu responsável da DUni após 28 anos e abraçá-lo calorosamente. Disse a ele: "Muito obrigado por não me deixar nunca esquecer que eu precisava vencer!".
Com esses sonhos concretizados, também pude mostrar ao meu pai essa vitória, o que o fez decidir praticar o budismo e receber o Gohonzon aos 70 anos.
Qual era seu sentimento ao conduzir vidas?
Sentia muita responsabilidade e gratidão em poder de alguma forma fazer a diferença na vida das pessoas. Atualmente dedico meu conhecimento apenas para formar novos pilotos e procuro criar nos alunos a cultura humanística ensinada por nosso mestre. Meu esforço está em formar pilotos com real senso humanístico para conduzir vidas com toda responsabilidade.
Em minhas aulas, aplico a metodologia da educação Soka e busco uma relação humanística com meus alunos. Graças a isso, fui eleito por eles o melhor professor da universidade. Aprendi com sensei que a finalidade da educação é a felicidade das pessoas e tenho me esforçado para formar pilotos humanistas que prezem a vida de cada pessoa que conduzem.
Poderia compartilhar alguma curiosidade sobre o curso de formação de pilotos?
Quando iniciamos os treinamento de voo, faz parte da instrução saber como agir numa possível falha mecânica da aeronave ou uma pane qualquer. São procedimentos que podem ajudar a pousar com segurança, caso os motores falhem, por exemplo.
Quando realizei meu primeiro voo solo [quando um piloto voa sozinho pela primeira vez], meu avião apresentou falha no motor. Naquele momento entendi quanto o empenho nos estudos e a prática da fé fizeram a diferença. Graças ao autocontrole que tive na hora e todo o tempo que dediquei aos estudos, consegui ter sabedoria para pousar o avião com toda segurança e estar aqui contando isso para vocês.
Quais outras qualidades você teve de aperfeiçoar?
Nunca gostei de estudar e tinha muita preguiça para a leitura. Isso não combinava com alguém que precisaria conduzir vidas e equipamentos complexos em situações de alto risco. O idioma também foi um desafio.
Graças à luta empreendida quando jovem nos grupos horizontais da BSGI, cultivei virtudes básicas como responsabilidade, cortesia, precisão, entre outras, que foram a base para superar minhas limitações e meus medos.
Você tem alguma dica ou conselho para o estudante que também quer seguir esta carreira?
Tenha paixão e nunca aceite que lhe digam “Você não é capaz” ou “Isso não é para você”. Ser piloto não é uma tarefa fácil, requer esforço e seriedade. Mas, mais que isso, se tiver a paixão de ser um jovem discípulo de Ikeda sensei, isso o levará para muito além do que pode imaginar. Não importa quanto tempo leve para realizar seu sonho nem quantas dificuldades enfrentará até que concretize. Persista, aperte ainda mais o cinto, olhe com determinação para a pista à sua frente, dê toda potência que puder nos seus motores e decole bem alto, além das nuvens. Quando chegar lá, grite bem alto: “Eu venci porque sou discípulo do presidente Ikeda!”.
Nunca se esqueça também de que não vencemos sozinhos. Saiba valorizar os esforços de seus pais e responsáveis que estão sempre nos bastidores o apoiando de alguma forma.
Há alguma frase de sensei que guarda com muito carinho?
Sim. Na minha juventude tínhamos como base o poema Ode à Juventude. Num trecho, sensei dizia assim:
Jovens!
Sobrevivam!
Sobrevivam a todo custo.
Como promotores
Da gloriosa evolução global,
Façam seu triunfo na história resplandecer.
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Melkzedek leciona há 17 anos e atualmente ajuda na formação de 300 novos pilotos

Ao buscar uma relação humanística com seus alunos, Melkzedek (o terceiro, da dir. para esq.) foi eleito por eles como melhor professor da universidade

Melkzedek, ao lado de sua esposa Luciana, com seus filhos (da esq. para dir.): Fernando, Victtor Hugo, Naomi e Luccas
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