Os oito ventos (happu)
Os oito ventos são oito condições que impedem as pessoas de avançar ao longo do caminho da iluminação. Conforme mencionados no Butsujikyo Ron (Tratado sobre o Sutra do Estágio do Estado de Buda) e em outras escrituras, eles são: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Os seres humanos são freqüentemente dominados por seus apegos à prosperidade, honra, elogio e prazer, ou então por sua aversão ao declínio, desgraça, censura e sofrimento.
Na carta intitulada “Os oito ventos” endereçada a seu discípulo Shijo Kingo, Nitiren Daishonin diz: “Um homem verdadeiramente sábio não será arrebatado por nenhum dos oito ventos: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Ele não se inflama com a prosperidade nem se desespera com o declínio. Os deuses celestes seguramente protegerão aquele que não se curva diante dos oito ventos.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 3, págs. 201–202.)
A mente humana se altera com a mesma facilidade que o vento muda de direção.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, discorreu sobre esse conceito em um de seus discursos. “A palavra ‘vento’ significa ‘agitar’. Esses ventos estão em constante movimento e não cessam por um instante sequer, assim como nossa mente.
Os ‘oito ventos’ são assim chamados porque causam constante agitação. Isso também é explanado nos sutras. “Os oito ventos são divididos em duas categorias: ‘os quatro ventos favoráveis’ — prosperidade, honra, elogio e prazer — e os ‘quatro ventos desfavoráveis’ — declínio, desgraça, censura e sofrimento.” (Guia de Orientações Líder, setembro de 1986, págs. 34–35.)
Na passagem final dessa carta a Shijo Kingo, Daishonin recomenda: “Nunca perca a sua compostura. Não seja controlado por seus desejos, nem pelo seu interesse por status nem por seu temperamento.”
Qual seria então a chave para as pessoas se fortalecerem a ponto de não serem abaladas pelos oito ventos, uma vez que a vida é feita de momentos bons e maus, de alegrias e tristezas, de altos e baixos, de vitórias e derrotas? A resposta está associada a um outro conceito budista: os Dez Mundos ou Dez Estados da Vida (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e estado de Buda).
Um indivíduo que se deixa influenciar por problemas tanto grandes como pequenos possui uma condição de vida baixa. Pode-se dizer que as pessoas nas condições de vida de Inferno a Absorção estão sujeitas a sucumbir à influência dos oito ventos. A recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e a dedicação séria e sincera às atividades que visam à paz mundial e à felicidade da humanidade são ações que elevam a condição de vida das pessoas, pois são objetivos que estão muito acima dos oito ventos.
Como seres humanos, não há nada de errado em desejar a prosperidade, merecer a honra e o elogio, ou então desfrutar os prazeres da vida, pois tudo isso faz parte da vida. O problema está no apego demasiado, ou seja, de as pessoas viverem em função de coisas que são efêmeras. Dedicar-se ao nobre propósito do Kossen-rufu ou da paz mundial e felicidade de todos possibilita elevar e fortalecer a condição de vida de uma pessoa tal qual a de um bodhisattva. No Sutra Shiyaku, uma escritura budista, consta: “A mente de um bodhisattva que não sucumbe aos oito ventos é tão firme e impassível quanto o Monte Sumeru.” Uma pessoa com essa condição de vida também não vacila quando enfrenta o declínio, a desgraça, a censura ou o sofrimento. Ela não se deixa levar ao sabor dos oito ventos, ao contrário, enfrenta-os e segue adiante em seu caminho para o autodesenvolvimento e a felicidade.
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