quinta-feira, 15 de junho de 2017

Os oito ventos (happu)

Os oito ventos (happu)


Os oito ventos são oito condições que impedem as pessoas de avançar ao longo do caminho da iluminação. Conforme mencionados no Butsujikyo Ron (Tratado sobre o Sutra do Estágio do Estado de Buda) e em outras escrituras, eles são: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Os seres humanos são freqüentemente dominados por seus apegos à prosperidade, honra, elogio e prazer, ou então por sua aversão ao declínio, desgraça, censura e sofrimento.
Na carta intitulada “Os oito ventos” endereçada a seu discípulo Shijo Kingo, Nitiren Daishonin diz: “Um homem verdadeiramente sábio não será arrebatado por nenhum dos oito ventos: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Ele não se inflama com a prosperidade nem se desespera com o declínio. Os deuses celestes seguramente protegerão aquele que não se curva diante dos oito ventos.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 3, págs. 201–202.)
A mente humana se altera com a mesma facilidade que o vento muda de direção.
O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, discorreu sobre esse conceito em um de seus discursos. “A palavra ‘vento’ significa ‘agitar’. Esses ventos estão em constante movimento e não cessam por um instante sequer, assim como nossa mente.
Os ‘oito ventos’ são assim chamados porque causam constante agitação. Isso também é explanado nos sutras. “Os oito ventos são divididos em duas categorias: ‘os quatro ventos favoráveis’ — prosperidade, honra, elogio e prazer — e os ‘quatro ventos desfavoráveis’ — declínio, desgraça, censura e sofrimento.” (Guia de Orientações Líder, setembro de 1986, págs. 34–35.)
Na passagem final dessa carta a Shijo Kingo, Daishonin recomenda: “Nunca perca a sua compostura. Não seja controlado por seus desejos, nem pelo seu interesse por status nem por seu temperamento.”
Qual seria então a chave para as pessoas se fortalecerem a ponto de não serem abaladas pelos oito ventos, uma vez que a vida é feita de momentos bons e maus, de alegrias e tristezas, de altos e baixos, de vitórias e derrotas? A resposta está associada a um outro conceito budista: os Dez Mundos ou Dez Estados da Vida (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e estado de Buda).
Um indivíduo que se deixa influenciar por problemas tanto grandes como pequenos possui uma condição de vida baixa. Pode-se dizer que as pessoas nas condições de vida de Inferno a Absorção estão sujeitas a sucumbir à influência dos oito ventos. A recitação do Nam-myoho-rengue-kyo e a dedicação séria e sincera às atividades que visam à paz mundial e à felicidade da humanidade são ações que elevam a condição de vida das pessoas, pois são objetivos que estão muito acima dos oito ventos.
Como seres humanos, não há nada de errado em desejar a prosperidade, merecer a honra e o elogio, ou então desfrutar os prazeres da vida, pois tudo isso faz parte da vida. O problema está no apego demasiado, ou seja, de as pessoas viverem em função de coisas que são efêmeras. Dedicar-se ao nobre propósito do Kossen-rufu ou da paz mundial e felicidade de todos possibilita elevar e fortalecer a condição de vida de uma pessoa tal qual a de um bodhisattva. No Sutra Shiyaku, uma escritura budista, consta: “A mente de um bodhisattva que não sucumbe aos oito ventos é tão firme e impassível quanto o Monte Sumeru.” Uma pessoa com essa condição de vida também não vacila quando enfrenta o declínio, a desgraça, a censura ou o sofrimento. Ela não se deixa levar ao sabor dos oito ventos, ao contrário, enfrenta-os e segue adiante em seu caminho para o autodesenvolvimento e a felicidade.

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