Exercendo o espírito de paz
Texto extraído e adaptado da série de incentivos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, à Divisão dos Estudantes publicado no jornal Kibou, em agosto de 2015
Texto extraído e adaptado da série de incentivos do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, à Divisão dos Estudantes publicado no jornal Kibou, em agosto de 2015
Espero que todos estejam bem. Vocês estão aproveitando as férias de verão? Oro sinceramente para que fiquem em segurança e tenham boa saúde.
Alguns de vocês podem estar viajando de carro com a família durante as férias escolares, então me permitam fazer uma breve charada.
Se seu carro percorresse uma estrada com a mesma velocidade que a do veículo ao seu lado, o que vocês veriam?
A resposta é: o outro carro pareceria estar parado.
E no caso da luz, que viaja a quase 300 mil quilômetros por segundo, o que veriam se viajassem na mesma velocidade que a luz?
O físico alemão Albert Einstein (1879–1955) pensou sobre essa difícil questão durante dez longos anos, desde os seus 16 anos.
Ele finalmente chegou à conclusão de que a luz não iria parecer que estava parada, mesmo viajando na mesma velocidade que a dela — o que é impossível, pois a velocidade da luz é constante apenas no vácuo.
Foi esta teoria da relatividade que contrariou todo o conhecimento anterior no campo da física. Isso aconteceu mais de cem anos atrás, em 1905.
As descobertas de Einstein serviram de base para muitas teorias científicas e tecnologias que são parte da nossa vida hoje, como o aparelho de TV e o computador.
Em 1922, Einstein ganhou o Prêmio Nobel de Física, e em novembro do mesmo ano, logo após receber a notícia da premiação, ele visitou o Japão para uma série de palestras. Meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, foi a um desses eventos com seu mestre, o presidente fundador, Tsunesaburo Makiguchi. O Sr. Toda considerava essa palestra como uma fonte de orgulho de sua vida e por vezes falava sobre ela para os jovens.
Quando eu era editor-chefe da revista infantil Meninos do Japão na empresa do Sr. Toda, publicamos um artigo sobre Einstein na primeira edição (em outubro de 1949). Minha esperança era possibilitar aos nossos jovens leitores, que seriam os líderes do futuro da sociedade, conhecerem mais a respeito de Einstein — que, mesmo depois de se tornar uma figura mundialmente renomada, permaneceu humilde e gentil, amando as crianças.
Hoje gostaria de aprender mais sobre esse grande cientista junto com todos vocês, meus preciosos amigos da Divisão dos Estudantes.
Albert Einstein nasceu em março de 1879, numa pequena cidade chamada Ulm, ao sul da Alemanha. Ele aprendeu a falar mais tarde do que a maioria das crianças, o que preocupava muito seus pais. Também não ia bem nas aulas que necessitavam
de memorização e não gostava de esportes nem
de música.
Todos nós temos dificuldade em alguma coisa, mas não há necessidade de permitirmos que isso nos faça perder a autoconfiança. Se focarem em encontrar mais coisas nas quais são bons, vocês se tornarão melhores até naquilo que antes achavam difícil.
Quando Einstein estava com 5 anos, seu pai lhe deu
de presente uma bússola magnética. Dentro dela
tinha um ponteiro e um diagrama que mostrava as direções — norte, sul, leste e oeste. Não importava
aonde fosse colocada, sempre apontava para o norte.
O pequeno Einstein ficou maravilhado. Nesse momento percebeu que havia forças invisíveis que moviam objetos no nosso mundo visível.
Mais tarde, incentivado por seu tio, que era engenheiro elétrico, bem como estudante de medicina que às vezes jantava com a família Einstein, o jovem Albert começou a ler livros sobre esses temas e se aprimorou em aritmética e ciência. No entanto, o trabalho do seu pai não estava indo muito bem e Einstein teve de sair da escola, faltando um ano para se formar; também não foi bem-sucedido em entrar para uma faculdade e acabou estudando sozinho por um ano até conseguir ser admitido no ano seguinte. Ele queria se tornar um pesquisador depois de se graduar, mas não conseguiu um bom cargo. Então buscou sustento como professor particular por um tempo, mantendo paralelamente sua pesquisa — também sozinho.
Como podemos ver, as coisas não aconteceram de forma agradável para Einstein em sua juventude, pois passou por várias decepções. Porém, foi uma criança muito talentosa. Quando algo lhe parecia estranho ou misterioso, pensava sobre isso até compreender. E se não conseguisse descobrir a resposta por si só, perguntava a todos à sua volta se sabiam a resposta, e assim ele aprendia muito.
Mais tarde, Einstein foi professor em universidades prestigiadas ao redor do mundo e teve uma carreira notável.
Então, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) estourou na Europa. Depois disso, a Segunda Guerra Mundial (1929-1945) aconteceu, engolindo o mundo todo. A tecnologia de ponta da época foi utilizada para construir armas que destruíram muitas vidas, e vários dos amigos e conhecidos de Einstein também morreram durante a guerra.
Ele acreditava que a ciência deveria ser usada para levar as pessoas à felicidade e que os cientistas deveriam dedicar a vida à paz. Mas algo aconteceu que o deixou completamente chocado.
No verão de 1945, quando a Segunda Guerra Mundial estava quase no fim (no Japão), os Estados Unidos jogaram uma bomba nuclear em Hiroshima no dia 6 de agosto e em Nagasaki no dia 9 do mesmo mês. Milhares de pessoas foram mortas instantaneamente, e cidades, completamente dizimadas. Aqueles que conseguiram sobreviver sofreram sequelas da radioatividade das bombas.
Quando Einstein ouviu a notícia sobre elas, gemeu de frustração. A teoria que ele revelou estava sendo usada no desenvolvimento de bombas atômicas.
Mesmo depois do término da guerra, vários países desenvolveram armas nucleares. Eram tantas que se outra guerra estourasse poderiam dizimar a humanidade.
Einstein se levantou, determinado a livrar o mundo daquelas armas malignas. Ele viajou por todos os lugares que pôde para falar sobre esse perigo terrível e também deu inúmeras entrevistas para jornais e rádios, além de escrever vários artigos.
Junto com um grupo de cientistas de destaque do mundo todo, Einstein assinou o Manifesto Russell--Einstein, um apelo para a erradicação de todas as armas nucleares, uma semana antes de falecer. Ele pensava sobre o que poderia fazer em nome da paz e agiu até o fim com esse propósito.
Eu dialoguei com o físico e pacifista Joseph Rotblat (1908—2005), um dos cientistas que também assinou o Manifesto Russell-Einstein.
O Dr. Rotblat compartilhou comigo que estava profundamente impressionado e feliz em saber que a Soka Gakkai se dedicava à eliminação das armas nucleares desde a época que ele e outros cientistas começaram essa campanha [pela abolição dessas armas], no final dos anos 1950.
Toda sensei fez sua Declaração pela Abolição das Armas Nucleares (em 8 de setembro de 1957) como seu maior ensinamento para os jovens, insistindo que lutassem para construir um mundo sem armas nucleares. Herdando o desejo do Sr. Toda, continuei essa luta junto com todos os membros da SGI ao redor do planeta, a qual perdurará até que atinjamos o objetivo de eliminar todas elas.
Desde criança, Einstein se dedicava a investigar as forças invisíveis da Terra. O que é, então, a maior força de todo o universo?
Einstein disse: “A imaginação envolve o mundo todo ”. O poder do espírito humano, a nossa imaginação, é tão grande que abarca o planeta inteiro.
Nosso coração é invisível, mas esse mesmo coração pode abrir o caminho para nosso próprio futuro, tocar o coração e a mente de outras pessoas e determinar o futuro da humanidade. Essa é a chave para a construção da paz.
Einstein também dizia que “Ficar feliz com a felicidade dos outros e sofrer junto com eles — essas são as melhores orientações para os seres humanos”.
Quando alguém está feliz, vamos dar as mãos e sermos felizes com ele. Quando alguém está sofrendo, vamos imaginar como deve estar se sentindo e o confortar. Isso é o que nossos companheiros, membros da SGI, incluindo muitos de seus familiares e pais, estão fazendo todos os dias: lutando com o mesmo espírito que eu.
E vocês, meus queridos amigos da Divisão dos Estudantes, em quem deposito a maior confiança, são os nobres indivíduos que irão carregar esse espírito — o espírito da paz.
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