Vamos avançar na direção de nossos sonhos!
O quadrinista Osamu Tezuka (1928–1989) demonstrou todo o poder da arte.
Ele criou mais de 700 trabalhos, incluindo a primeira série japonesa animada, chamada Astro Boy, assim como Kimba — o Leão Branco, A Princesa e o Cavaleiro, Black Jack, Fênix, Buda, entre outros. Seus pais ou avós podem ter lido esses quadrinhos ou assistido a desenhos baseados nessas histórias, pois ele influenciou muitos cartunistas como Fujiko F. Fujio, criador de Doraemon, por exemplo .
Osamu Tezuka nasceu em 1928, o mesmo ano em que nasci. Quando criança, era magro e tinha o cabelos naturalmente ondulados. Ele usava óculos, o que era raro entre os coleguinhas naquele tempo, e por isso o atormentavam e pegavam no seu pé. Calorosamente incentivado pela mãe, sobreviveu ao bullying, mas nem adulto se esqueceu a dor e a tristeza de ter sofrido essa agressão na infância.
Fazer bullying com alguém ou permitir que outros o façam é imperdoável.
Para não permitir que esse tormento o atingisse, o pequeno Tezuka lia quadrinhos, que na época eram reprovados pela sociedade, mas sua mãe comprava vários para animá‑lo. Não somente isso, ela também gostava de ler para ele. O jovem começou a amar os quadrinhos e os lia muitas vezes, de novo e de novo, até que memorizasse completamente os desenhos e o texto.
Com tantos exemplares em casa, as crianças que antes o atormentavam passaram a visitá-lo para ler sua coleção, e logo o bullying passou.
Tezuka começou a escrever seus próprios quadrinhos e os mostrava aos outros, para a diversão deles. Tinha encontrado seu próprio tesouro: seu talento especial.
Posteriormente, começou a incorporar suas experiências nas histórias. Seu cabelo ondulado inspirou o estilo distinto do penteado do Astro Boy, que se tornou um herói para crianças do Japão e de todo o mundo. Nas histórias, seus heróis eram únicos e diferentes dos outros.
Ele acreditava que todas as crianças possuem seu próprio tesouro maravilhoso, seu próprio talento único, e que não existem exceções. Eu concordo completamente com a convicção dele.
Osamu Tezuka conseguiu se tornar um excelente cartunista com o apoio de diversas pessoas. Uma delas foi seu professor-orientador do terceiro ano, que também era seu professor de redação, o qual frisava a importância de escrever muito e expressar tudo o que se quer dizer, mesmo que a caligrafia e a gramática não fossem muito boas.
Algumas vezes o jovem escrevia cinquenta páginas para um trabalho. Quanto mais se escreve, mais ideias surgem livremente. Pela escrita ele pôde experimentar a alegria de criar histórias. Seu professor o incentivou a desenhar quadrinhos também, o que lhe deu confiança para continuar seu caminho.
Mais tarde, quando sentiu dificuldade em decidir se deveria perseguir seu sonho de ser artista de quadrinhos, sua mãe foi quem mais o impulsionou a realizá-lo.
Vocês também devem ter pessoas que os incentivam e os apoiam, incluindo seus pais, familiares e professores. Quando surgir um problema, não há necessidade de resolvê-lo sozinhos. Não hesitem em buscar conselhos quando precisar deles, e assim sempre irão encontrar seu caminho em direção a uma solução.
Osamu Tezuka uma vez incentivou um grupo de estudantes do ensino fundamental a terem mais de um sonho. Ele argumentou que se tivermos apenas um sonho e ele não der certo, não saberemos o que fazer depois. Mas, se acalentarmos mais de um sonho, isso não irá acontecer, então não temos com o que nos preocupar.
Além de artista de quadrinhos, ele queria ser médico e também entomologista (estudioso de insetos). De fato, seis anos depois de se profissionalizar em quadrinhos, passou na prova para estudar medicina. Lia avidamente livros de literatura mundial, de ciências, de contos tradicionais japoneses e de muitos outros assuntos, o que o ajudou a criar histórias e a ter muitos sonhos.
Um sonho não é algo que nos é dado, descobrimos por nós mesmos baseados nos nossos próprios interesses. Se nos desafiamos a fazer várias coisas, podemos abrir amplamente as asas dos nossos sonhos.
Tezuka mudou o jeito de escrever seu primeiro nome depois de se tornar um artista de mangá — ao nome “Osamu” ele adicionou um ideograma significando “inseto”, embora a pronúncia continuasse a mesma. Por que ele fez isso? A cidade de Takarazuka, na província de Hyogo (região de Kansai), onde cresceu, é um local de rico ambiente natural. Como amava coletar insetos, ia para bosques e parques com seus amiguinhos para caçá‑los. Um dia, ao ler um guia de insetos, encontrou um, chamado osamushi, parecido com seu próprio nome. Isso foi a inspiração para que incluísse mais tarde o ideograma “inseto” (mushi) em seu nome artístico.
Quando pegava um inseto, o bichinho se contorcia em suas mãos. Ele ficava comovido com a vontade do bichinho de sobreviver e continuar vivo. Mas não demorou muito e ele teve a experiência de viver numa era na qual tantas vidas preciosas foram tomadas — em meio à guerra.
Tezuka e eu tínhamos 13 anos quando a Guerra do Pacífico começou. Enquanto a guerra se intensificava, aulas eram canceladas e os estudantes mandados para trabalhar em fábrica de armas ou para a batalha. Ele foi pego por um ataque aéreo no local onde havia sido convocado. Bombardeios fizeram chover bombas até que tudo tivesse sido destruído pelo fogo e muitas pessoas foram mortas.
Nada é mais precioso que a vida. Nada é mais cruel e tolo que a guerra, que destrói a vida. E foi por isso mesmo que o artista continuou a ressaltar a importância da vida em suas histórias.
Depois da guerra, encontrei meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, e fui trabalhar como editor-chefe da revista Boken Shonen (Menino Aventureiro), que ele publicava. Aparentemente, Tezuka foi um leitor dessa obra, e mais tarde disse que, de todas as revistas que ele havia lido, essa era uma das poucas que gostaria de ter contribuído com uma história. Talvez tenha entendido nosso desejo e paixão em fazer dela a melhor revista do Japão, oferecendo esperança e sonhos para as crianças que tinham sido tão emocionalmente feridas pela guerra. Pouco tempo depois, ele contribuiu com uma história em quadrinhos de uma revista afiliada à Soka Gakkai.
Em 1982, ele foi ao Festival de Paz Mundial da Soka Gakkai, em Saitama, e enalteceu a performance dos jovens dizendo que era uma versão em miniatura da paz mundial.
O cartunista descrevia os seres humanos como amigos e passageiros neste precioso planeta Terra. Ele também ressaltava a importância de se cuidar das crianças e valorizá-las acima de tudo. Acreditava que elas gerariam ideias brilhantes para o futuro do planeta, especialmente para o tempo em que as pessoas seriam capazes de nascer e morar em estações espaciais.
Eu também gostaria de chamá-los, meus preciosos amigos, de “representantes do futuro”, que irão desenvolver papéis muito importantes no nosso planeta, e expresso minhas sinceras esperanças por seu sucesso.
Cada um de vocês e todos vocês possuem dentro de si os tesouros de imenso potencial e força. Vocês têm missão e futuro ilimitados.
Espero que se desafiem alegremente neste verão!
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