Intercâmbio na África do Sul
Atualmente, Juliana está em Cape Town, capital da África do Sul, participando de um intercâmbio como integrante do projeto Rainbow Dreamers o qual visa incentivar e ampliar as habilidades das crianças que ainda sofrem com as consequências do apartheid. Nesse desafio, buscou aprimorar seu inglês num projeto em que pudesse também, como retribuição ao país que a recebe, oferecer algo à população local enquanto aprende.
Como surgiu o desejo de seguir essa profissão?
Sempre mantive certa inquietação sobre o ambiente de trabalho dos meus pais, ambos trabalham em feira livre, onde se encontram as mais diversas realidades, desde crianças trabalhando para sustentar a família até pessoas se alimentando com restos de comida.
A partir dessa vivência fui buscar uma maneira concreta de ajudar essas pessoas e entender o porquê dessa sociedade tão desigual.
Qual era seu objetivo ao decidir fazer um intercâmbio?
Em primeiro lugar, para aprender um idioma. Ikeda sensei sempre nos incentiva a estudarmos outra língua e sermos cidadãos do mundo. Além disso, foi também para vivenciar outra realidade e cultura, fazer algo desafiador e sair do comodismo.
Pode nos falar mais sobre o projeto Voluntariado?
Rainbow Dreamers (Voluntariado) é um projeto iniciado por um grupo de professores da escola do meu intercâmbio. É formado por alunos voluntários de todas as nacionalidades (sauditas, suíços, italianos, franceses, entre outros) que têm interesse em conhecer e contribuir para uma das realidades da África. Semanalmente abordamos um tema relacionado a valores e comportamentos e nos reunimos para discutir a melhor maneira de transmitir para as crianças. Com brincadeiras e músicas, no projeto participam aproximadamente 150 crianças por encontro!
São momentos incríveis em que rimos e nos alegramos juntos e elas agem como se já tivessem um vínculo conosco – é um sentimento único.
Você achou a realidade de onde se encontra hoje muito diferente do Brasil?
Não senti que é totalmente diferente, já que a África do Sul é um dos países mais desenvolvidos do continente africano, mas é forte alguns reflexos do apartheid, como ver uma população branca elitizada e a população negra operária. Em contrapartida, senti forte o legado de Nelson Mandela, a esperança e a força que transmitiu para que a população negra se reerguesse e vencesse.
Como se comunica com as crianças?
A primeira língua aprendida no país é o africâner, e a segunda, o inglês. Por isso algumas crianças falam mais o africanêr dificultando nossa comunicação. Porém a linguagem de um olhar não é necessária tradução, e isso acaba sendo até mais positivo.
De que forma você aplica os ideais do presidente Ikeda em sua profissão e no país que a recebe?
Escolhi essa carreira exatamente pela semelhança com os propósitos da SGI de prezar cada pessoa, empoderando-a de forma que tenha conhecimento dos seus direitos, tornando-a protagonista da sua vida.
Tento a todo instante manter uma conduta humanística justa e sincera com todos à minha volta. Afinal, a melhor maneira de demonstrar que tenho um grande mestre é por meio da minha postura e atitudes.
Já passou por algum momento desafiador desde que chegou ao país?
Sim. Estar sem a família e os amigos em outro país ao lado de pessoas desconhecidas com costumes e culturas diferentes foi bem desafiador, o que requer disciplina e responsabilidade em relação aos estudos, horários, e demais afazeres. Mas o daimoku sempre acalmava meu coração e tudo se encaixava.
Como você espera pôr em prática no Brasil todo o aprendizado dessa experiência?
Pôr em prática o que vi na África do Sul será sinônimo de maior dedicação a cada coisa que eu fizer, seja na família, na organização ou na sociedade, pois essa experiência me fez dar mais valor às pessoas que gosto e ao país em que nasci, além de poder incentivar a todos a aprender outro idioma por meio de um intercâmbio.
Você conheceu a SGI local, pode nos falar dessa viviência?
A SGI-África do Sul foi fundada há dezesseis anos. Conheci a organização da Costa Oeste na Cidade do Cabo, que tem aproximadamente 150 membros. Eles são tão acolhedores quanto os brasileiros, e quando os encontrei me senti mais feliz e renovada. A primeira coisa que me disseram numa atividade foi:“Você é do Brasil, os mais próximos do coração de sensei!”. Senti grande orgulho e responsabilidade em corresponder às palavras deles.
O que você diria para os estudantes que querem seguir essa carreira ou fazer intercâmbio?
Seguir essa profissão foi uma das minhas melhores escolhas. O sentimento de poder ajudar uma vida e até mesmo uma família a se levantar por meio do seu trabalho é indescritível! Fazer esse intercâmbio me possibilitou realizar uma grande troca de vivências e culturas entre o Brasil, a África e as pessoas do mundo com quem me encontrei. E digo a vocês: escolham o que realmente gostam de fazer como profissão e objetivem realizar um intercâmbio para se tornarem cidadãos do mundo, como sensei nos incentiva.
Nelson Mandela e o apartheid
Apartheid foi um regime de segregação racial implantado na África do Sul, iniciado em 1948, ao qual se retirou o direito e a liberdade dos negros, mestiços e indianos, privilegiando a minoria branca.
Nelson Mandela (1918—2013) É o principal representante do movimento contra o apartheid. Preso por quase três décadas, foi libertado em 1990; em 1993, recebeu o Prêmio Nobel da Paz com Frederik Willem de Klerk. Assumiu como presidente da África do Sul de 1994 até 1999.
clique para ver a imagem no tamanho real.


Juliana e as crianças da SGI-África do Sul

Juliana na atividade dos membros da SGI-África do Sul
Nenhum comentário:
Postar um comentário