terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Grande campeão da música: do sofrimento à alegria

Grande campeão da música: do sofrimento à alegria


Texto extraído e adaptado da série de incentivos “Arco‑íris da Esperança” do presidente da SGI, Daisaku Ikeda, para os membros da Divisão dos Estudantes publicada no jornal Kibou1 em dezembro de 2014
A Nona Sinfonia de Beethoven é tradicionalmente apresentada no final do ano em todo o Japão. Mesmo tendo sido escrita há 200 anos, ainda é apreciada pelas pessoas ao redor do mundo. É também uma de minhas músicas clássicas preferidas. Diferentemente de outras sinfonias, a Nona inclui uma parte do coro chamada Ode à Alegria. Vamos aprender mais sobre Beethoven hoje, como se estivéssemos apreciando sua obra musical juntos!
O compositor alemão Ludwig van Beethoven (1770–1827) nasceu em Bonn, Alemanha, em 16 de dezembro de 1770. Ele veio de uma família muito ligada à música — seu avô era diretor musical da corte de Bonn, enquanto seu pai era um integrante do coro dessa corte.
Quando nasceu, seu avô, que também era um talentoso cantor, ficou muito feliz, e por vezes cantou para o neto com sua bela voz. Beethoven tinha muito orgulho do avô e por toda a sua vida se lembrou dele.
O pai de Beethoven lhe ensinou a tocar violino e piano na esperança de que se tornasse um excelente músico, como o avô. Ele era um tanto rigoroso, forçando o filho a tocar piano de manhã à noite, dia após dia.
Muitas vezes as lições eram tão duras que o jovem chorava, mas logo se sentia seguro ao saber que sua amada mãe estava ao seu lado, e dessa forma ele nunca se sentiu desencorajado e progredia em suas lições.
Aos 7 anos, Beethoven se apresentou em um recital pela primeira vez. As horas extras de prática foram válidas e a apresentação, um sucesso. Todos reconheceram seu talento extraordinário.
Na ocasião em que sua carreira de fato havia começado, ele já tinha 16 anos, todavia sua mãe faleceu, o que o deixou muito abalado. Porém colocou seu sofrimento de lado para ajudar seu pai, que também estava enfrentando dificuldades em sua carreira, assim como seus dois irmãos mais novos, e começou a trabalhar como organista e professor de piano. Ele passou a juventude lutando contra as adversidades.
Uma juventude dedicada à luta contra as adversidades — isso descreve minha própria vida. Naquela época, a Segunda Guerra Mundial terminara e não havia comida suficiente. Mesmo sofrendo com minha doença, trabalhei muito para ajudar meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, a recuperar seus negócios.
Meu passatempo favorito era ouvir discos, especialmente de Beethoven. Ainda me lembro de como fiquei emocionado quando ouvi pela primeira vez as notas de entrada “tchã‑tchã‑tchã‑tchããã!” da Quinta Sinfonia, também chamada de Destino. Senti que meu pequeno apartamento tivesse se tornado
um palácio.
A música expressa o coração do compositor mais do que as palavras. Sempre que ouço as de Beethoven, eu me sinto incentivado a não ser derrotado e continuar a fazer o meu melhor. Elas me deram coragem para desafiar meu destino. Estou certo de que isso aconteceu porque o próprio Beethoven enfrentou diversos problemas e adversidades e buscou reunir forças para superá-los.
Em novembro de 1792, com 21 anos, ele foi à cidade de Viena, Áustria, conhecida como a Capital da Música. Tocou várias de suas composições e ali ficou conhecido no meio musical.
A vida parecia ir finalmente bem para ele, porém, aos 30 anos, começou a ter problemas de audição. Foi examinado por vários médicos, mas seu estado apenas piorou.
O que ele faria de sua vida caso se tornasse um músico com deficiência auditiva?
Estava muito assustado e preocupado com sua audição, algo vital para um músico, no entanto ele não esquecera os sons do piano no qual tocava desde pequeno as várias melodias que tinha ouvido por toda a sua vida.
Beethoven foi capaz de se desvencilhar da agonia de quase estar desprovido de audição e compôs muitas obras-primas, como a Terceira Sinfonia, (Eroica), a Quinta Sinfonia, Destino, e a Sexta Sinfonia, (Pastoral).
Aos 46 anos, a doença piorou mais, e ele chegou a perder completamente a audição. Não conseguia se comunicar com as pessoas mesmo com a ajuda de aparelhos de auditivos. Para entender o que os outros estavam falando, muitas vezes utilizava um bloco de notas.
Mesmo em meio a tais desafios diários, não perdeu seu desejo de compor: quanto mais grave sua doença se tornava, mais se desafiava a expressar seus sentimentos por meio da música.
Ele escreveu em uma carta a um amigo: “Estou longe de ficar satisfeito com meus trabalhos passados: de hoje em diante vou virar uma nova página”.2
Beethoven completou a Nona Sinfonia quando tinha 53 anos. Na estreia, ficou de pé no palco: ele próprio era o maestro. A plateia estava tão emocionada que o aplaudiu vigorosamente, mas ele não pôde ouvir isso. Por estar de frente para a orquestra, deveria ter se virado para perceber quanto os presentes estavam aplaudindo seu trabalho.
A vida de Beethoven foi uma sucessão de problemas e preocupações — desde aguentar as duras lições do pai, perder a amada mãe ainda na juventude, suportar a solidão de ter de sustentar sozinho sua família humilde e até lutar contra a própria surdez.
Mas não importava se as coisas se tornavam cada vez mais difíceis: Beethoven nunca perdeu o desejo de ser um músico melhor, continuar crescendo e compondo. Ele compôs mais de 300 músicas e foi com esse espírito que descreveu sua vida como “do sofrimento à alegria.”3
Aqueles que aspiram ao crescimento encaram tempestades de dificuldade e problemas, e lutam porque estão crescendo. Pode ser dolorido por vezes, mas encarar problemas e lutas é a prova do próprio crescimento.
Enquanto perseverarmos, aumentarmos nossa coragem e continuarmos a seguir em frente, podemos crescer extraordinariamente e até mudar nosso próprio destino. Tanto nosso coração como o de nossa família serão preenchidos por grande esperança e alegria.
Em dezembro de certo ano, o Sr. Toda me disse, enquanto eu enfrentava uma dura batalha: “Daisaku, o sofrimento é inevitável. Somente quando sofremos é que podemos compreender a fé e nos tornamos grandes indivíduos”.
Beethoven não aceitou a derrota, triunfou como um distinto campeão da música.
Vocês são filhotes de leão, então não há como serem derrotados. Estou seguro e oro para que sigam avançando na direção de seus sonhos e se tornem vitoriosos no final.
Aguardarei ansiosamente para falar com vocês novamente.
***
Como era a rotina do compositor?
Café da manhã
30 minutos
Durante o desjejum, tomava um café cuidadosamente feito por ele mesmo. O preparo era realizado com sessenta grãos de café, muitas vezes contados um a um para uma dose precisa
Trabalho
8 horas
Após o café, ele passava as oito horas seguintes trabalhando exaustivamente em suas obras
Jantar
1 hora
Habitualmente tomava vinho durante o jantar
Caminhada
2 horas
Depois do jantar, o compositor costumava sair para auma vigorosa caminhada. Durante suas saídas, sempre levava um lápis e algumas folhas pautadas no bolso
Leitura e ceia
4 horas e 30 minutos
Após a caminhada, parava em uma taverna para ler o jornal. Antes de repousar à noite, ele se servia de uma simples ceia, um copo de cerveja e fumava cachimbo
Dormir
8 horas
As nove sinfonias de Beethoven
1a Sinfonia
Em 1800: a obra foi criticada devido ao seu aspecto inovador
2a Sinfonia
Em 1803: foi escrita durante o início da surdez
3a Sinfonia
Em 1805: dedicada a Napoleão Bonaparte e também era chamada de “Heroica"
4a Sinfonia
Em 1807: alguns estudiosos a consideram a sinfonia formalmente mais perfeita
5a Sinfonia
Em 1808: uma das sinfonias mais famosas. É bastante conhecida pelo início de seu primeiro movimento com quatro notas em staccato
6a Sinfonia
Em 1808: também chamada Pastoral, narra uma história buscando descrever a natureza campestre
7a Sinfonia
Em 1813: Estava na cidade termal de Teplice, na Boêmia, na esperança de recuperar a saúde
8a Sinfonia
Em 1814: desvia-se da tradição clássica, deixando o último movimento o mais intenso da obra
9a Sinfonia
Em 1824: último movimento é inspirado por um poema de Schiller. Também conhecida como Coral, esta é uma das sinfonias mais famosas de Beethoven

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