quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Deem um corajoso passo adiante!

Deem um corajoso passo adiante!


Texto extraído e adaptado da série de incentivos “Arco-íris de Esperança” do presidente da SGI, Daisaku Ikeda, para os membros da Divisão dos Estudantes publicado no jornal Kibou1 em outubro de 2015
Dia 2 de outubro, o Dia da Paz Mundial da SGI, é uma data especial que compartilho com companheiros ao redor do mundo.
Nesse dia, em 1960, fiz minha primeira viagem além-mar para realizar o sonho da paz mundial acalentado por meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, que queria livrar o mundo da miséria e do sofrimento. No bolso interno do meu paletó, levei comigo uma fotografia do Sr. Toda.
Durante os 54 anos seguintes, viajei para 54 países e territórios, abrindo o caminho do diálogo e da amizade.
O dia 2 de outubro também é o aniversário de Mahatma Gandhi (1869— 1948), um grande líder da paz, que guiou o movimento de independência da Índia.
Gandhi continua a ser respeitado pelas pessoas daquele país, e é um modelo de conduta para várias outras no mundo. Isso porque Gandhi lutou para construir a paz e proteger as pessoas sem usar violência de qualquer tipo. Mesmo quando seus oponentes usavam violência, ele se recusava a reagir. Ele ajudou o processo de independência da Índia (em 1947) por meio do diálogo e da incansável e sincera ação. A abordagem de Gandhi é chamada de “ação não violenta”.
Quando visitei a Índia, ofereci uma coroa de flores para seu monumento em Nova Délhi, o lugar onde ele faleceu. Também ministrei palestras no Gandhi Smriti e Darshan Samiti (memorial em homenagem a Gandhi). Ao longo dos anos, encontrei-me com muitos dos seguidores de Gandhi, assim como um de seus netos, e dialoguei com eles sobre o espírito da não violência.
Aqueles que usam da violência podem parecer poderosos, mas não o são. Na verdade, a violência é a arma dos covardes. Eles a usam porque têm medo de seus oponentes. A violência só gera mais violência e cria um ciclo vicioso que continua até que as duas partes estejam gravemente feridas. E quando isso acontece entre países, gera contínuas e brutais guerras.
Engajar-se no diálogo e tomar atitudes sinceras é o caminho para construir a paz. Para conseguir realizar tais esforços, precisamos primeiro de coragem para superar nossos próprios medos. Quando nossas atitudes mudam, a atitude das outras pessoas também muda. A não violência é a arma dos corajosos.
Trinta anos atrás, assisti ao filme Gandhi (1982) com estudantes da escola Soka de Tóquio, na esperança de que eles pudessem aprender com o espírito corajoso de Gandhi. Vamos conhecer mais sobre ele hoje, como se estivéssemos assistindo juntos ao filme sobre sua vida.
Mahatma Gandhi foi um homem realmente corajoso. Mas como ele era em sua infância? Ao contrário do que se imagina, era bastante tímido e acanhado.
Depois da escola ele corria direto para casa, com medo de ser importunado e ser motivo de piada de seus colegas de sala. Ele não conseguia dormir à noite sem uma luz acesa, pois tinha medo de fantasmas, ladrões e cobras. Ao mesmo tempo, graças aos incentivos sábios de sua mãe, aprendeu a dar o seu melhor e a sempre terminar o que começava.
E então, algo aconteceu para que Gandhi desse seu passo à frente com coragem. Após se tornar advogado por meio de sincero estudo, Gandhi foi para a África do Sul em 1893 para realizar o exercício da advocacia. Naquele tempo, na África do Sul, as pessoas eram tratadas de forma diferente por conta da cor da pele. Isso se chama discriminação racial.
Um dia, Gandhi estava no vagão de primeira classe de um trem a caminho de uma reunião com um cliente, quando o condutor se aproximou e disse que ele teria de ir para o vagão de carga, mesmo tendo comprado uma passagem para a primeira classe. Um dos passageiros brancos no mesmo vagão tinha reclamado, dizendo que não queria viajar no mesmo local que um “homem de cor”.2 Porém, como Gandhi se recusou a fazer isso, ele foi empurrado para fora do trem e precisou esperar até que o próximo chegasse.
Era inverno e Gandhi teve de passar a noite tremendo na fria e escura estação até tomar o trem na manhã seguinte.
O que ele fez depois disso? Poderia muito bem ter aceitado esse tratamento, terminado sua reunião com o cliente e regressado à terra natal. Mas Gandhi não estava somente preocupado consigo mesmo. Ele não suportava a ideia de pessoas destratando e ameaçando outras dessa forma. Como resultado desse incidente, ele se transformou em uma pessoa de coragem. Gandhi viveu na África do Sul durante 21 anos, lutando contra a discriminação racial por meio da ação não violenta, e consequentemente teve sucesso em aprovar uma lei que protegia imigrantes indianos que viviam na África do Sul.
A coragem fortalece os jovens. Eles se tornam os mais fortes de todos quando se levantam para lutar corajosamente pelo que é justo e correto.
Passados anos em que viveu na África do Sul, Gandhi voltou para a Índia e se tornou um líder da não violência, dedicado à luta contra a injustiça e em prol da independência do país.
Naquela época, as forças coloniais britânicas ocupavam a Índia, e havia uma severa discriminação racial. Gandhi começou a lutar para acabar com essa injustiça. Com o tempo, muitos eventos trágicos ocorreram. Algumas de suas tentativas de mudar a realidade social falharam. Gandhi foi preso várias vezes, mas ele continuou leal a seus princípios. Aonde quer que fosse, vestia somente uma tanga e calçava sandálias, posicionando-se como aliado dos mais pobres e dos discriminados.
A coragem se espalha de uma pessoa a outra. Um grande exemplo disso é a Marcha do Sal. Naquela época, os indianos não tinham permissão para produzir ou vender sal, uma das necessidades básicas da vida. Somente o governo poderia produzi-lo, e o vendia com impostos absurdos aplicados sobre o preço.
Gandhi declarou que o sal era vital para todas as pessoas e que ninguém tinha o direito de tirar da população algo que estava disponível na natureza.
Na manhã do dia 12 de março de 1930, Gandhi e 78 seguidores começaram uma marcha de aproximadamente 400 quilômetros (250 milhas) a oeste, para o oceano, para protestar contra o governo colonial. O objetivo deles era marchar até o mar e fazer seu próprio sal. Ao ver Gandhi, com 60 anos, caminhando firmemente em direção ao oceano, muitas pessoas acabaram se juntando a ele nessa marcha.
Ao atingirem a costa, Gandhi pegou um pouco de sal marítimo e orgulhosamente declarou que aquilo pertencia ao povo indiano. Gandhi e seus seguidores foram presos, mas isso não os parou. Mesmo recebendo fortes pancadas com paus e sendo chutados pelas forças coloniais, eles não deixaram que a violência os vencesse. Mais de 10 mil pessoas foram presas junto com Gandhi, mas a grande luta do povo continuou.
No mesmo ano, em 18 de novembro de 1930, o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, e seu discípulo, Josei Toda, fundaram a Soka Gakkai, começando sua própria marcha pela paz, tendo como objetivo a criação de uma sociedade na qual todos pudessem viver felizes.
Pessoas corajosas são positivas e alegres. Gandhi geralmente ria, fazendo com que aqueles à sua volta se sentissem felizes e corajosos.
Pessoas corajosas não desistem. Gandhi era muito paciente, e dizia que “o bem viaja com a velocidade de uma lesma”.3
Pessoas corajosas ficam na linha de frente. Gandhi acreditava que “o que é possível para uma pessoa é possível para todas”4 e assumiu a liderança ao aceitar grandes desafios.
Há momentos em que gostaríamos de ser corajosos também — por exemplo, quando queremos ficar amigos de alguém, mas temos medo de falar com essa pessoa; ou quando queremos levantar a mão em classe para responder a pergunta do professor; ou quando desejamos prestar apoio a alguém que está sofrendo bullying.
Talvez alguns pensem que não possuem coragem para isso. Mas todos têm. Todos, sem exceção, têm a coragem dentro de si. A chave é saber como revelá-la.
Todos são capazes de fazer isso quando recitam Nam-myoho-renge-kyo.
Nichiren Daishonin escreveu: “O Nam‑myoho‑renge-kyo é como o rugido de um leão” (CEND, v. I, p. 431). Recitar Nam‑myoho‑renge-kyo desperta o coração de leão dentro de cada um. Quando isso acontecer, sentirão a sabedoria, esperança e coragem surgirem em seu interior.
Deem o primeiro passo corajoso em direção a seus sonhos e objetivos!
Meus bravos jovens amigos da paz, que irão pavimentar o caminho para um futuro brilhante — hoje, novamente, sejam fortes e alegres!
Veja o infográfico abaixo para conhecer os principais acontecimentos da vida de Mahatma Gandhi
1888
Viajou à Inglaterra para estudar direito
1897
Formou-se em direito e voltou à Índia, seu país de origem
1893
Viajou para a África do Sul, onde havia intensa discriminação racial
1915
Retornou à Índia e se juntou ao movimento de luta pacífica pela independência indiana, baseado no uso da “não violência”
1922
Liderou uma campanha de “desobediência civil” e uso de jejum como forma de protesto. Como consequência, foi sentenciado à prisão por seis anos, porém cumpriu apenas dois
1930
Guiou a “Marcha do Sal”, manifestação realizada contra os impostos cobrados sobre o produto
1931
Participou da “Conferência de Londres”, evento em que se exigiu a independência de seu país
1947
A Índia alcançou sua independência e se dividiu em dois países: Índia e Paquistão
1948
Gandhi foi assassinado enquanto realizava jejum de 28 dias para conter um conflito entre indianos e paquistaneses
Gandhi — Autobiografia , Minha Vida e Minhas Experiências com a Verdade
Autor: Gandhi, Mohandas K
O livro relata experiências vividas pelo líder indiano em um momento crucial da história de seu país onde ele liderou movimentos baseados na “não violência”.
Gandhi
Diretor: Richard Attenborough
Gandhi é um filme biográfico épico de 1982 que dramatiza a vida do líder do movimento de independência não violento da Índia contra a Índia britânica durante o século XX.
Notas:
1. O jornal Kibou é uma publicação do Seikyo Shimbum direcionada para crianças no Japão.
2. GANDHI, M. K. An Autobiography, or The Story of My Experiments with Truth. Tradução do original gujarati por Mahadev Desai. Londres: Penguin Books, 1982. p. 113.
3. Idem. The Collected Works of Mahatma Gandhi (nov. 1909 — mar. 1911). Nova Délhi: Publications Division, Ministry of Information and Broadcasting, Government of India, v. 10, p. 27, 1966.
4. Idem. All Men Are Brothers: Autobiographical Reflections, compilado e editado por Krishna Kripalani. Nova York: Continuum, 2000. p. 4.

Nenhum comentário:

Postar um comentário