quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A vida é o maior tesouro

A vida é o maior tesouro


Texto extraído e adaptado da série de incentivos “Arco-íris de Esperança” do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, para os membros da Divisão dos Estudantes publicado no jornal Kibou1 em agosto de 2015
Como estão sendo as férias de verão? Por favor, cuidem da saúde, fiquem em segurança e tragam boas recordações!
Os dias de verão no Japão, assim como em várias partes do mundo, são preenchidos pelos sons das cigarras. Mesmo pequenas, elas fazem muito barulho.
Vocês já pensaram de onde vêm as cigarras e como elas crescem?
Jean-Henri Fabre (1823–1915) foi um entomologista francês — especialista em insetos. Ele estudou profundamente a vida das cigarras e disse que elas pareciam estar cantando com o coração, como se estivessem “celebrando sua felicidade” depois de anos de trabalho duro no escuro, embaixo da terra.2
Vamos aprender sobre Fabre, autor de Fabre's Book of Insects3 (tradução livre: O Livro dos Insetos por Fabre), obra que foi bastante popular por mais de 100 anos.
Fabre nasceu em uma vila rural em 1823. Vivia com os pais e um irmão mais novo. Apesar de a família ser pobre, sua casa era rodeada por bela natureza. Ele cresceu brincando nos campos e nos rios com insetos, pássaros e outras formas de vida ao redor.
Ele se dedicou aos estudos na escola e recebeu as melhores notas. Porém, em virtude de os negócios do pai não irem bem, precisou parar de estudar e começou a trabalhar de manhã à noite até a exaustão.
Fabre tinha alguns amigos que o confortavam nesses momentos difíceis: os insetos, que ele amava desde a infância. Sentia grande empolgação quando encontrava um inseto que não conhecia.
Ele se inspirou muito na vida dos pequenos insetos, não permitiu que suas dificuldades o derrotasse e, assim, continuou a estudar. Chegou a se tornar professor de ensino fundamental. Mais tarde, refletiu: “Acima de tudo, você não deve ser desencorajado; o tempo não é nada desde que sua vontade esteja sempre alerta, ativa e nunca distraída; ‘a força virá ao longo de sua jornada’.”4
Se você se esforçar ao máximo, não importando o que aconteça, despertará uma força antes adormecida dentro de si.
Fabre lecionava em uma escola de ensino fundamental quando começou a estudar insetos mais seriamente. Durante uma aula ao ar livre, seus alunos mostraram o mel que encontraram dentro de uma colmeia, e, desejando saber mais, ele decidiu comprar um livro sobre insetos, apesar de ser bastante caro. A inspiração que sentiu ao ler aquele livro abriu as portas para que se tornasse um entomologista. Anos depois, passou a estudar os insetos em seu tempo livre, quando já era professor do ensino médio.
Publicou o primeiro volume de Fabre's Book of Insects aos 55 anos, e passou mais 30 anos compondo a obra completa, editada em dez volumes. Foi o trabalho da sua vida.
O livro apresenta aproximadamente 1.500 insetos entre outros animais e plantas. Já cheguei a recomendar sua leitura para a Divisão dos Estudantes. Fabre usou uma linguagem simples de forma que todos pudessem entender o que ele tinha escrito — um dos motivos para que a obra se tornasse tão popular.
Mais tarde, o presidente da França e alguns ministros foram visitá-lo e homenageá-lo, agradecendo-o por sua dedicação ao trabalho.Aliás, um famoso acadêmico japonês usou o exemplo de Fabre para homenagear o primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, como “o orgulho de seu país”. Ele disse que assim como a França honrou Fabre, que elaborou o livro dos insetos enquanto se dedicava como professor, o Japão deveria reconhecer e estimar o Sr. Makiguchi, que escreveu o maravilhoso livro Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor] enquanto batalhava como educador.
Porém, naquela época, as autoridades japonesas não só falharam em homenagear o Sr. Makiguchi — que propagou o budismo e ensinou sobre a preciosidade da vida —, como também o aprisionaram por se opor a eles, levando-o à morte na prisão. Sempre quando o discípulo do Sr. Makiguchi, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, falava sobre a morte do seu mestre, ele tremia de raiva.
Este ano (2014) é o 70o aniversário de falecimento do Sr. Makiguchi. Hoje, a SGI, que herdou e propagou o espírito do Sr. Makiguchi de estima à preciosidade da vida, tem a confiança das pessoas ao redor do mundo.
Fabre tinha consciência do quanto a vida é preciosa. Depois de estudar um inseto, ele o presenteava com a comida favorita do bicho e o agradecia pelo que lhe havia ensinado, antes de se despedir dele e soltá-lo de volta ao seu habitat.
Em Fabre's Book of Insects, ele diz: “Qualquer forma de vida é digna de respeito”.5
Ao ler esse livro, fica claro que Fabre realmente amava os insetos e se encantava com o poder da vida. Por exemplo, ele descreve como a mãe mariposa retira parte da cobertura felpuda de sua pele para cobrir e esquentar seus ovos, e constrói um casulo de folhas e ramos para protegê-los antes de ela morrer.
Estudantes da Escola Soka de Kansai e da Universidade Soka, ambas fundadas por mim, vêm cuidadosamente criando libélulas e estudando com amigos e membros de sua comunidade sobre as maravilhas da vida.
Nichiren Daishonin escreveu: “A vida é o maior dos tesouros” (WND, v. I, p. 1125). A vida é o maior dos tesouros que nós, e todas as criaturas, possuímos, mesmo os mais pequenos insetos.
A mãe mariposa dá a vida para proteger seus filhotes. Por favor, reflitam sobre o quanto sua mãe, assim como todos que cuidam de vocês, se esforça ao máximo para isso. Todos vocês são preciosos e insubstituíveis. Quaisquer que sejam as dificuldades que enfrentem, todos vocês têm o poder de brilhar. Sua vida é realmente maravilhosa.
É claro que os insetos podem ser perigosos e alguns de vocês podem não gostar ou ter medo deles. Mas, por exemplo, se as abelhas que polinizam as flores desaparecessem, acredita-se que a maioria das plantas que dão flores também iria desaparecer. E, sem as plantas, não teríamos oxigênio e não conseguiríamos sobreviver. Dessa forma, mesmo o menor dos insetos tem uma função fundamental.
A sua vida e a das pessoas ao seu redor estão interligadas, vivemos em conjunto com todas as criaturas. É por isso que aqueles que valorizam a vida de outros seres vivos também são capazes de valorizar a própria vida.
Neste verão, se vocês tiverem a chance de ir a um parque nas redondezas, um campo ou rio, ou viajar para esses lugares com a família, fique atento a outras formas de vida com as quais dividimos este mundo. E, por favor, continuem a lutar em nome de seus sonhos e objetivos com muita energia — assim como Fabre, que conseguia se encantar com um simples inseto.
Notas:
1. O jornal Kibou é uma publicação do Seikyo Shimbun direcionada para crianças no Japão.
2. STAWELL, Rodolph. Fabre’s Book of Insects. Recontado por Alexander Teixeira de Mattos. Tradução de Fabre’s Souvenirs Entomologiques. Nova York: Dodd, Mead and Company, 1921. p. 39.
3. Não há tradução publicada de O Livro dos Insetos por Fabre em português, porém é possível encontrar o livro em inglês com o título Fabre's Book of Insects em sites de compra on-line em versão papel e digital.
4. LEGROS, Georges Victor. Fabre, Poet of Science. Nova York: The Century Co., 1913. p. 3.
5. Traduzido do francês. FABRE, J. H. Souvenirs Entomologiques: Ètudes sur L’instinct et les Mœurs des Insects. Paris: Libraire Delagrave, 1924, p. 219.

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