quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

A lenda de Urashima Taro

A lenda de Urashima Taro


Urashima Taro era um pescador que vivia no Japão. Certa vez, salvou uma tartaruga que estava sendo maltratada na praia por alguns rapazes. Após o ato heroico, Taro levou a tartaruga de volta ao mar.
No dia seguinte, outra tartaruga se aproximou dele e lhe disse que a pequena tartaruga que ele salvara era na verdade a filha do imperador do Mar, que gostaria de agradecê-lo. Ela permitiu ao pescador que subisse em seu casco para levá-lo a uma viagem ao fundo do mar. Lá o pescador se encontrou com o imperador e a sua filha, que estava transformada em uma bela moça.
Taro ficou no palácio como hóspede de honra e muitas festas foram feitas em sua homenagem. Assim foram se passando os dias com celebrações, conforto e muita comida. Embora feliz nas águas marinhas, Urashima começou a sentir saudades de sua família, e pediu para voltar. Ao partir, recebeu da princesa uma arca de presente, com a promessa de que só a abrisse quando ficasse bem velho e de cabelos brancos.
Ao chegar em sua cidade não a reconheceu, tudo estava diferente. Ele também não conseguiu reconhecer nenhuma das pessoas da vila.
Começou a perguntar se ninguém conhecia um pescador chamado Urashima Taro. Algumas pessoas disseram que tinham ouvido falar de alguém com esse nome, que havia desaparecido no mar muitos anos atrás. Taro descobriu que se passaram trezentos anos desde o dia em que decidiu ir ao fundo do mar.
Tomado por uma grande tristeza, voltou à praia na esperança de reencontrar a tartaruga, mas desesperou-se e acabou abrindo a caixa que a princesa lhe havia presenteado. De dentro dela saiu uma nuvem de fumaça branca, que o envolveu. De repente, seu corpo se tornou velho e enrugado, nasceu-lhe uma longa barba branca e suas costas se curvaram com o peso dos anos. Do mar, ouviu-se a voz doce e triste da princesa: “Eu lhe disse para não abrir a caixa. Nela estavam todos os seus anos…”
A caixa continha a “eterna juventude” de Urashima Taro e o pescador, sem reconhecer seu valor, deixou-a ir para sempre.
O povo japonês conta essa lenda há gerações para relatar a importância de não desperdiçar o tempo apenas com diversões e viver cada momento da vida dando seu devido valor ao local em que mora e às pessoas com quem convive.
Consta nos escritos budistas
Esta é uma conhecida e antiga lenda japonesa. O buda original Nichiren Daishonin também fez referência à lenda de Urashima Taro em um de seus escritos intitulado Carta para Konichi-bo.
Esse escrito foi endereçado à monja leiga Konichi. Na época, Daishonin se encontrava no Monte Minobu e há muito tempo não visitava Awa, sua província natal. Ao receber uma carta de sua discípula, animou-se, porque vinha da mesma província. No entanto, o conteúdo o entristeceu, pois comunicava o falecimento de seu filho Yashiro. No escrito consta: “Abri e li [a carta] ansiosamente, mas então li que a senhora perdeu seu filho Yashiro no ano retrasado, no oitavo dia do sexto mês. Antes de abrir a carta, sentia‑me tão feliz, mas ao ler a triste notícia, desejei não tê-la aberto com tanta pressa. Senti uma angústia tal qual Urashima Taro deve ter sentido ao abrir sua caixa”  (CEND, v. I, p. 691).
Nichiren Daishonin tinha profunda consideração pelo sofrimento de cada pessoa. No trecho do escrito citado, podemos sentir a compaixão e a benevolência do Buda ao incentivar uma mãe em luto. Ele sofria com as pessoas ao mesmo tempo em que buscava avançar junto, encorajando-as. O sincero e caloroso incentivo contribui para que as pessoas vençam as mais difíceis circunstâncias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário