quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Todos têm pontos fortes

Todos têm pontos fortes


Texto extraído e adaptado da série de incentivos “Arco-íris de Esperança” do presidente da SGI, Daisaku Ikeda, para os membros da Divisão dos Estudantes, publicado no jornal Kibou1 em setembro de 2015
Tenho certeza de que todos gostaram de suas férias de verão, mas o outono também é uma estação divertida e enriquecedora. Dizem que é a melhor estação para treinar algum esporte, ler e estudar. Agora que vocês estão de volta às aulas, esta é uma boa época para escolher algo que queiram aprimorar, e dar início a esse objetivo.
Assumir um desafio é uma oportunidade para crescer rapidamente. Pode ser qualquer coisa que desperte o interesse. Todos têm diferentes gostos e pontos fortes. Todos vocês têm definitivamente seus próprios pontos fortes e talentos. De fato, têm vários!
Havia uma jovem japonesa que viveu no final do século 19. Depois que seu país passou por grandes mudanças, ela descobriu que seu ponto mais forte — seu talento — era criar e escrever histórias de todo tipo. Seu nome era Ichiyo Higuchi (1872–1896). Muitas pessoas no Japão a conhecem, já que seu rosto estampa a nota de 5.000 ienes.
Higuchi escreveu vários romances, e alguns deles se tornaram clássicos japoneses. Por conta de seus livros terem sido escritos há muito tempo, a linguagem que ela usou pode ser um pouco difícil, mas várias de suas histórias foram adaptadas e traduzidas para a linguagem moderna, de forma que leitores jovens como vocês podem apreciá‑las também.
Ichiyo Higuchi nasceu em Tóquio em 1872, pouco mais de 140 anos atrás. O primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, nasceu em 1871, sendo então somente um ano mais velho que ela.
Ichiyo era um pseudônimo, seu nome especial como escritora. Seu verdadeiro nome era Natsu, e as pessoas a chamavam carinhosamente de Nat‑chan.
Por questões familiares, ela mudou de casa várias vezes quando era pequena. Dos 4 aos 9 anos, e depois, durante a maior parte de sua vida, dos 18 até o seu falecimento, aos 24 — época em que atuou efetivamente como escritora — ela viveu na região de Bunkyo, em Tóquio.
Tenho lembranças agradáveis da região de Bunkyo. Durante a minha juventude, eu me engajei totalmente nas atividades da Gakkai dali, atuando junto com vários membros locais. Sempre nos encorajávamos para seguir avançando.Lembro‑me de pensar em como Ichiyo Higuchi deve ter vivido ocupada escrevendo seus romances naquela região.
A jovem amava estudar. Depois de se formar no ensino fundamental I, ela queria continuar seus estudos, mas, naquela época, a maior parte das pessoas achava que as meninas não precisavam disso. Ao contrário, esperava‑se que as garotas aprendessem a costurar e a cozinhar, e que se casassem e começassem a construir uma família o mais cedo possível.
Isso era o que a mãe de Higuchi pensava também, então ela foi proibida de continuar na escola. Vendo quão triste a filha ficou, seu pai permitiu que assistisse aulas sobre poesia japonesa em uma escola especial.
A poesia tradicional que estudou se chama waka, que são poemas curtos compostos em versos de cinco e sete sílabas, na seguinte ordem: 5-7‑5-7-7. A maioria deles é sobre natureza ou sentimento. Com seu ritmo distinto, os poemas waka transmitem suas mensagens facilmente de um coração ao outro.
Meu mestre, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, também gostava de compor poemas desse tipo e me presenteou com inúmeros deles como forma de incentivo. Eu também compus poemas waka para ele, expressando minha determinação e gratidão.
Quando Higuchi começou a estudar numa famosa escola de poesia para garotas, aos 14 anos, ela rapidamente notou que suas colegas de classe vestiam roupas finas e eram de família rica ou importante. Algumas delas iam para a escola de riquixá. Isso seria, atualmente, o mesmo que alguém ser levado para a escola em uma limusine!
Higuchi se esforçou para manter uma boa aparência, mas mesmo suas melhores roupas não se comparavam com os quimonos caros e modernos que as outras garotas usavam. Isso a fez sentir-se mal consigo mesma. Mas, então, ela pensou em seu pai, que tornou possível seu estudo, e em sua mãe, que trabalhava incansavelmente para cuidar dela e dos irmãos.
Convicta de que o valor de uma pessoa não pode ser determinado por sua roupa, ela mudou a atitude e continuou a dar o seu melhor nos estudos.
Em um concurso de poesias no ano-novo, quando todas vestiram a melhor roupa, Higuchi usou um quimono que sua mãe havia remendado para ela. Porém, escreveu uma poesia tão maravilhosa que ganhou o prêmio, ficando em primeiro lugar, entre mais de 60 participantes!
Isso fortaleceu sua autoestima. Mesmo com roupas simples, ela não se sentia mais envergonhada. Havia encontrado seu ponto forte, seu talento — escrever boa poesia. Ela se empenhou em aprimorar suas habilidades e decidiu que ganharia a vida como escritora.
Naquela época, nenhuma mulher em seu país havia conseguido ganhar a vida como escritora. Higuchi foi a primeira mulher no Japão a se tornar uma escritora profissional.
Aqueles que estão à frente de seu tempo sempre se deparam com várias dificuldades, e Higuchi enfrentou muitas. Após a morte de seu irmão mais velho, seu pai também faleceu, deixando-a como a única que poderia sustentar a casa. Então se viu incapaz de ajudar sua família apenas com os ganhos como escritora, e teve de aceitar outros trabalhos.
Ela se negou a ser derrotada. Queria ler muitos livros, então ia para a biblioteca, estudava o máximo que podia, e continuou a escrever histórias maravilhosas.
Uma de suas obras mais famosas, Takekurabe (Crescer, em tradução livre), é sobre um menino e uma menina, um pouco mais velhos do que vocês, crescendo em uma área no centro de Tóquio. Higuchi incluiu em sua história o que tinha observado durante as batalhas da própria vida, e transformou toda a dor e a tristeza que havia visto e passado em algo valioso.
Infelizmente, ela faleceu de uma doença com apenas 24 anos. Mas mesmo em sua curta existência, escreveu histórias que pessoas de outras gerações continuam a ler e a amar, histórias que só ela poderia ter escrito.
Ichiyo Higuchi escreveu: “Todos que nascem neste mundo, ricos ou pobres, baixos ou altos, são semelhantes”.
Essa é uma verdade inquestionável.
O Budismo de Nichiren ensina que a cerejeira, a ameixeira, o pessegueiro e o damasqueiro — embora diferentes — têm sua beleza própria. Nossa prática budista nos permite fazer nossa beleza individual brilhar em seu máximo.
Todos vocês têm seus pontos fortes, seus talentos. Não há necessidade de se compararem com outras pessoas ou sentirem inveja delas. Quando algo parece não estar indo bem, mesmo quando estão dando o seu melhor, ou quando não conseguem encontrar seu ponto forte, experimentem recitar Nam‑myoho-renge-kyo. A recitação do daimoku dará energia e elevará sua autoestima proporcionando coragem para que continuem a dar o seu melhor.
Quando encaramos os problemas sendo nós mesmos, recitamos daimoku para resolvê‑los e nos desafiamos de forma confiante, estamos polindo a vida. Podem fazer os tesouros do seu coração brilhar e serão capazes de descobrir seus pontos fortes.
Vocês têm muitos pontos fortes! Assim como seus amigos. Por isso é tão importante incentivar e ajudar uns aos outros, para desenvolverem essas forças o máximo possível.
Um ponto forte não só se refere a um talento especial. Por exemplo, ter a coragem de não sentir medo de falhar é um maravilhoso ponto forte. Assim como ser bom e cuidar de seus pais e de outras pessoas em sua vida.
Ichiyo Higuchi disse que todos temos um diamante em nosso coração. Vamos encontrar o diamante de nosso coração, conservá-lo e fazê-lo brilhar intensamente!

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