sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Parábola da joia inestimável escondida no topete

Parábola da joia inestimável escondida no topete


Na Índia antiga havia um poderoso e sábio rei girador da roda que desejava usar seu poder para subjugar outros países, mas os reis menores mesquinhos não acataram suas ordens.
O rei girador de roda então mobilizou suas várias tropas a avançar para atacá‑los. Quando o rei via alguma de suas forças de combate ganhando destaque em batalha, ele ficava muito satisfeito e imediatamente recompensava as pessoas de acordo com seus méritos. Distribuia campos, casas, povoados e cidades; ou vestes e adornos pessoais; ou talvez vários objetos preciosos como ouro, prata, lápis‑lazúli, madrepérola, ágata, coral, âmbar, elefantes, cavalos, carruagens e até empregados.
Mesmo abrindo mão de tantas riquezas, havia uma joia da qual ele não se desprenderia. Ela ficava escondida em seu topete e não era entregue a ninguém. Por que não? Somente um rei pode ostentar essa joia no topo de sua cabeça. Se ele a desse, seguramente os seguidores do rei ficariam atônitos.
Em certa batalha, o rei girador de roda viu alguém entre seus soldados ganhando verdadeira distinção. O rei ficou com o coração tão feliz que entregou então a preciosa joia que há tempos ostentava
no topete.
O Sutra do Lótus é supremo dentre os ensinamentos. Em meio a todos os ensinamentos, ele é o mais profundo e somente é concedido em última instância, como é o caso daquela joia que o poderoso rei há muito a detém e finalmente a concede. Dentre todos os sutras ele é o mais elevado.
Reis giradores da roda
Também conhecidos como "reis veneráveis giradores da roda". Na mitologia hindu representam um governante ideal. No budismo, um rei que governa por meio da justiça, não pela força. Quando um sábio governante ascende ao trono, acredita-se que o céu envia-lhe uma roda. Enquanto gira a roda, esse rei avança livremente e estabelece a paz. Conta-se que possuíam os trinta e dois aspectos característicos de um buda e governavam os quatro continentes girando as rodas que haviam recebido do céu. As rodas eram feitas de ouro, prata, cobre e ferro. Cada um dos quatro reis, em cada continente, possuía uma dessas quatro rodas.
Conclusão
A Parábola da joia inestimável escondida no topete está presente no 14o capítulo do Sutra do Lótus ("Práticas Pacíficas").
Ela narra sobre os oferecimentos do rei girador da roda para aqueles que conquistavam o mérito nas batalhas. No entanto, a joia de insuperável valor escondida no seu topete ele não a oferecia para ninguém. Compara-se ao fato de o Buda ter pregado todos os sutras, exceto o Sutra do Lótus. Porém, o fato de Shakyamuni expor o Sutra do Lótus neste momento é como se o rei girador da roda oferecesse a joia inestimável escondida no seu topete.
Assim, nessa parábola, a joia escondida no topete corresponde ao Sutra do Lótus; o fato de esconder a joia no topete, sem oferecê‑la para ninguém, exemplifica a ação do Buda em ocultar o verdadeiro ensinamento durante todo o período em que foram pregados os ensinamentos provisórios, anteriores ao Sutra do Lótus, até que chegasse o tempo ideal para revelar o ensinamento verdadeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário